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domingo, maio 5, 2024

Câncer é principal causa de morte em 16 cidades de Mato Grosso

Emily Magalhães / Da Redação 

Segundo dados da pesquisa divulgada na segunda-feira (16), pelo Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o câncer é a principal causa de morte em 516 (10%) dos 5.570 municípios brasileiros. O estudo revela que a doença avança no país, e em pouco mais de uma década as neoplasias serão responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil.

Em Mato Grosso, 16 municípios estão entre os 10%, em que o câncer é a principal causa de morte. Nas ocorrências os homens representam 58% e mulheres 42% dos casos.

A cidade de Alto Garças tem o maior número de casos do Estado, com 15 mortes. Em seguida, Terra Nova do Norte, 12 registros e Porto dos Gaúchos, com 9. Na lista também estão os municípios de Nova Monte Verde, Apiacás, Nova Ubiratã, Araguaiana, Glória do Oeste, Torixoréu, Castanheira, Ipiranga do Norte, São Pedro da Cipa, União do Sul, Conquista D’Oeste, Indiavaí e Araguainha.

Um dos problemas relatados é o baixo número de centros de tratamento credenciados pelo Ministério da Saúde. De acordo com a pesquisa, são 296 unidades no país, e apenas cinco delas estão em Mato Grosso.

O impacto da doença

Aos 47 anos, a vendedora Lígia Mara Vitoy, foi diagnosticada com câncer do tipo Dúctal In Situ de mama, em abril de 2016. Ela conta que em primeiro momento sentiu como se estivesse a caminho da morte, por ser tudo desconhecido.

“Neste momento, parece que todos que você encontra têm uma história de alguém que morreu de câncer. Então fica cada vez mais difícil de enfrentar o início. Minha família esteve ao meu lado em todos os momentos, do dia que fui fazer a biopsia até hoje. O que foi fundamental para passar por todo este processo de aceitação”, disse.

Ela relata que o tratamento além de ser doloroso, afeta a auto-estima da mulher por conta das perdas dos cílios, sobrancelhas e principalmente da retirada total ou parcial da mama.

Lígia teve rejeição à prótese de silicone, e atualmente ainda faz acompanhamento psicológico.

“Ainda me sinto despedaçada. Pois o câncer deixa sequelas para vida toda. Porque não temos um atendimento de qualidade na rede do SUS. Ainda existe muita coisa a ser feita para melhorar a vida do paciente ontológico. Não existe uma sintonia entre os profissionais para facilitar o acesso a uma qualidade de vida melhor”, contou.

Ela ainda acrescenta. “Faltam informações sobre os direitos dos pacientes, que para muitos profissionais são apenas números e não seres humanos com sentimentos e um histórico de vida a ser analisado. Porque, tratar o câncer não é só quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Todo paciente carrega junto com a doença uma carga emocional muito grande, que muitas vezes o faz desistir no meio do caminho, que é longo e doloroso”, finalizou Lígia.

Em novembro de 2014, a vendedora de produtos industriais, Fabiana Morbeck dos Santos, foi diagnosticada com Linfoma de Hodgkin, um câncer no sistema imunológico do tipo Maligno.

Na época, com 29 anos, ela descobriu durante o banho um pequeno caroço no tamanho de um grão de feijão na região do pescoço. Após os exames e a descoberta, a jovem conta que ficou desesperada, pois já passava por uma situação difícil no momento.

“Foi tudo muito rápido, enviei o nódulo para fazer o exame imuno-histoquímico. O resultado chegou em dezembro.  Fiquei desesperada, chorei na sala da doutora por 2 horas. Foi muito duro para mim. Pois eu moro com meu pai e minha mãe,  eu quem cuido deles. E nesse mesmo ano meu pai havia sofrido derrame, foi um ano de turbulência e de muitas emoções”, revelou.

Como o tipo do câncer era muito agressivo, Fabiana fez a quimioterapia intensiva durante seis meses. Após o tratamento, a doença voltou a dar sinais e ela chegou a receber transplante autólogo de medula óssea.

Atualmente, a jovem está curada e segue a vida com uma grande reflexão.

“A principal reflexão, é que a vida é muito curta, estamos aqui só de passagem e devemos amar e cuidar da nossa família com todo amor do mundo. Minha família foi minha fortaleza nesse momento. Acredito que minha missão nesse tratamento foi ajudar os amigos que conheci nesse percurso e conseguir transmitir muita fé e muita força para os pacientes”, concluiu Fabiana.

 

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