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sexta-feira, abril 26, 2024

Adianta querer?

Tá na boca de todo mundo: “que país queremos?”. Todos querem um país ao seu modo. Anotem: não teremos! Não é assim que funciona. Uma pessoa perdida lá nos cabrobós da vida grava num celular um desabafo escutado aqui e ali. No fundo não deseja nada daquilo.

 

Ou melhor. Até deseja. Desde que não ofenda os seus interesses. Nesse sentido, não há pobre, classe média e ricos no país que não se aproveitem das brechas pra lesar alguém nessa ou naquela situação.

Todos querem um país ao seu modo. Anotem: não teremos! Não é assim que funciona

 

Não fomos educados pra sermos cidadãos de uma nação moderna. Fomos educados pra sermos subalternos. Queixarmos sem convicção, votar de qualquer modo, porque desejamos mesmo é reclamar em mesa de bar ou nas rodinhas de conversa.

 

Fomos cuidadosamente educados pra sermos rebanho. Rebanho não muda. Só com muito tempo e muito sofrimento. Do contrário, migalhas são bem vindas e mantém o rebanho ruminando em passiva mastigação.

 

A destruição dos valores foi longa e cuidadosa. O jornal The Wall Street Journal, dos EUA, publicou matéria didática neste fim de semana sobre o Brasil. Disse que tem algum dinheiro está se mudando pros EUA, Canadá e Portugal, principalmente. É, também, o sonho de boa parte da juventude. Causas dessa diáspora: a insegurança jurídica e social vigentes no país.

 

Criminosos assumiram o comando das penitenciárias. Protegidos pelo bem-estar oferecido pelo Estado comandam a vida dos milhões cá fora. Criaram uma guerra civil. Os sistemas judiciais e os de direitos humanos aparelhados por um emburrecido sistema de caridade, confunde bandidos com cidadãos vulneráveis. Vulnerabilizam a sociedade que produz. A instabilidade jurídica do social e das leis brasileiras aterroriza o mundo.

 

Ideologias velhas comandam o pensamento político. Leis analisadas a cada dia descobrem como se pode burlar a legalidade na economia, na política dentro do Estado que governa o país.

 

Sei que esta leitura é pessimista. Mas é ela quem chegará às urnas daqui a exatos 67 dias. Na linha de frente das discussões nada que o país precisará agora e no futuro. Apenas overdose da mediocridade já consagrada. Ah. Como mudar? Perguntaria o angustiado leitor. O tempo, o tempo, o tempo e a mudança das atitudes desse passivo rebanho que rumina o capim à sombra da sua mediocridade.

 

O que está em cima é igual ao que está em baixo.

 

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Cuiabá

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