Por Joanice de Deus |Mato Grosso está entre os três estados brasileiros que apresentam taxas de mortalidade envolvendo motociclistas acima da média nacional.
Em 2019, o Estado registrou 10,8 vítimas fatais por 100 mil habitantes enquanto, no país, esse índice foi de 5,0 óbitos por 100 mil pessoas.
O dado consta em boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, que traz um estudo ecológico, de séries temporais, sobre a tendência da morbimortalidade de pessoas que andam de motocicletas no país, no período de 2010 a 2019, e sua previsão até 2022.
Segundo o estudo, os outros três estados com as maiores taxas são Piauí com 17 por 100 mil pessoas e Tocantins com 13,5/100 mil.
Já a previsão para 2022, a ordem das unidades de federal com as maiores taxas não se altera, mas apresentam previsão de elevação, sendo o Piauí com 17,2/100 mil; Tocantins com 14,7; e Mato Grosso com 11,9 por 100 mil habitantes.
Ainda no território mato-grossense, esse índice era de 12,3/100 indivíduos, em 2010.
O levantamento também considera todos os óbitos e as internações de motociclistas e ocupantes de triciclo motorizado.
Em Cuiabá, um dos casos mais recentes com vítima fatal ocorreu na Avenida das Torres, onde motociclista Weliton de Oliveira, 35 anos, morreu após ser atingido por um carro que transitava na contramão, na via interditada para obras do viaduto “Juca do Guaraná”.
Na ocasião, segundo informações do boletim de ocorrência (BO), o homem transitava de moto no sentido bairro-centro e a motorista do veículo seguia no mesmo sentido.
Em determinada altura do trajeto, o carro de passeio fez uma conversão e tomou a contramão na via, fechada para obras. Nesse momento, foi atingido pela moto que seguia logo atrás.
A vítima foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu ainda no local.
Em nível nacional, a pesquisa mostra que, no ano de 2019, as principais vítimas no trânsito no foram os motociclistas, com 10.533 óbitos (35,2%) e 104.195 internações (59,7%), estas com um custo aproximado de R$ 165,8 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar dos números elevados houve redução do risco de morte em 2013 (6,0 por 100 mil habitantes), redução de 31% em relação ao ano anterior (8,7 por 100 mil pessoas).
A taxa se manteve estável até 2017 e voltou a apresentar redução até 2019 (5,0 por 100 mil habitantes), apresentando índice semelhante até 2022 (4,9 por 100 mil indivíduos).
As menores taxas foram registradas nos estados do Rio de Janeiro com 1,6/100 mil; seguido do Amapá e do Distrito Federal, ambos com o mesmo risco de morte 2,4/100 mil e São Paulo com a taxa de 2,9 por 100 mil habitantes.
“Entre as menores taxas, Rio de Janeiro, 1,7; Distrito Federal, 1,8; e São Paulo com 2,4 por 100 mil habitantes se mantêm na mesma ordem, observando previsão de redução nos dois últimos”, destaca o boletim do MS.
INTERNAÇÃO – Em relação à taxa de internação de motociclistas, a previsão no Brasil é de aumento.
Mato Grosso segue a tendência com perspectiva de 144,9 hospitalizações, em 2022. No ano passado, essa média estadual foi de 112,3/100 mil e, em 2010, de 76,9/100 mil.
Já em nível nacional, a variação observada entre 2019 e 2018 foi de 7% e a previsão para 2022 em relação a 2019 esse percentual se aproxima de 11% com taxa de 61,1 por 100 mil habitantes.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o estudo é importante uma vez que os acidentes envolvendo as pessoas que andam sobre duas rodas apresentam maior risco quando comparado a outros meios de transporte, como o carro.
Também se justifica pelo predomínio expressivo de adultos jovens envolvidos nas ocorrências e pela classe socioeconômica vulnerável na qual se concentra a maioria das vítimas, além dos danos sociais gerados para as famílias destas vítimas e para o Estado.
Entre as soluções apontadas estão a necessidade de investimentos para promover melhorias urbanas, priorizando a segurança dos usuários mais vulneráveis no trânsito como os motociclistas.
“Associado à presença de um serviço de atenção móvel pré-hospitalar de urgência, aptas para a atenção às vítimas de trânsito em locais estratégicos, podendo otimizar o atendimento a essas vítimas, de forma a reduzir as lesões graves e as mortes. O uso adequado do capacete também reduz mortes e lesões graves, sendo importante intensificar medidas educativas e fiscalização ostensiva”, aponta o ministério, no documento.
Os dados do boletim sobre óbitos foram extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
As os números referentes às internações pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foram extraídos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS.
Já a informação referente ao custo das internações (valor médio e total) considerou o valor da internação por local de residência e ano de atendimento.
Para a análise de séries temporais, foi considerado o período de 2010 a 2019 (dado preliminar).
Fonte: Diário de Cuiabá