Meta é transportar 40% das cargas em ferrovias brasileiras até 2035, retirando caminhões da estrada; melhorar rodovias e estimular uso de biocombustíveis. Ministro dos Transportes integra delegação brasileira no Azerbaijão
A um só tempo, fortalecer o modal ferroviário, melhorar a qualidade da malha rodoviária e estimular o uso de biocombustíveis, especialmente por veículos de carga, é a estratégia adotada pelo governo brasileiro para reduzir a emissão de gases de efeito estufa no setor de transportes. A informação foi dada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, nesta quarta-feira (13), durante a COP29 – mais alta instância deliberativa no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que, neste ano, é realizada em Baku (Azerbaijão).
“Atuamos principalmente em duas direções. A primeira é fortalecer o modo ferroviário para tirar caminhão de estrada e colocar carga em ferrovia. Quanto mais a gente fizer isso, mais reduz a emissão de carbono. No plano para o desenvolvimento ferroviário, a gente deseja colocar até 40% da carga em ferrovias até 2035, o que vai garantir menos emissões”, explicou Renan Filho. “Além disso, estamos melhorando as rodovias. Estrada com menos buraco é menos tempo de viagem, menos freada, menos desaceleração e aceleração, e isso também é menor volume de emissões”, completou.
O tripé de sustentabilidade no transporte se completa com o estímulo ao uso de biocombustíveis. “Agora estamos constituindo no Ministério dos Transportes os corredores azuis, que vão garantir gás natural e liquefeito para abastecer caminhões que transportam as cargas brasileiras. Um caminhão a gás natural liquefeito, comparativamente a um que usa óleo diesel, emite 30% menos carbono, o que é muito importante para reduzir as emissões”, disse o ministro.
Renan Filho destacou que o setor de transportes brasileiro é um dos que menos emite carbono no mundo, devido ao uso de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, prática que vem sendo estimulada há anos. Além disso, o Brasil está na vanguarda do desenvolvimento do Combustível Sustentável de Aviação (SAF).
Meta ousada
Na avaliação do ministro, essas diretrizes serão essenciais para que o setor colabore com a Nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), apresentada pelo Brasil na COP29: reduzir entre 59% e 67% as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em relação às emissões de 2005. “É uma meta arrojada, mas, ao mesmo tempo, factível, pois permite o desenvolvimento do país, a geração de emprego e o crescimento da nossa economia, dado que somos ainda um país muito desigual, onde as pessoas precisam trabalhar e ter salários melhores”, pontuou.
“Poucos países do mundo têm políticas como as do Brasil no uso de biocombustíveis. Além da nossa matriz energética limpa, das nossas florestas preservadas, diferentemente de outros países que suprimiram a sua vegetação, o Brasil dá bons exemplos”, enfatizou. “Somos potência ambiental, podemos dar o bom exemplo e cobrar responsabilidade dos países mais ricos do mundo, os maiores emissores e que podem dar a maior contribuição para frear a mudança do clima que agride o planeta, eleva as temperaturas e causa comportamentos climáticos extremos”, afirmou o ministro dos Transportes.
Contagem regressiva
Entre a delegação brasileira na COP29 – liderada pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin –, o clima já é de contagem regressiva para a próxima conferência: a COP30 será realizada em 2025, em Belém (PA). “Tivemos COP em Dubai, Baku – regiões que exploram muito o petróleo – e em Paris – grande centro urbano cosmopolita. Agora, vamos ter a primeira COP na floresta amazônica, demonstrando que o Brasil tem muitos desafios e pode colaborar muito com a freada das mudanças climáticas”, concluiu Renan Filho.
Na manhã desta quarta-feira, o ministro se reuniu com os governadores dos estados da Amazônia Legal, no COP30 Day, evento realizado pelo Consórcio Interestadual da Amazônia Brasileira. O presidente do consórcio e governador do Pará, Helder Barbalho, sublinhou o papel das hidrovias e ferrovias para o desenvolvimento da Amazônia. “O Brasil é um país continental e a logística é fundamental para o desenvolvimento do nosso país e para a redução das emissões. É isso que queremos construir: desenvolvimento sustentável, a partir do fortalecimento da floresta e da economia para gerar empregos verdes”, disse.
Também estiveram presentes no COP30 Day o vice-presidente Geraldo Alckmin; as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara; e o embaixador André Corrêa do Lago, entre outras autoridades.