“Tratar uma narrativa tão rica como inverdade é acabar com a arte”, diz escultor do Minhocão

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Em meio às águas, ele brota tão assustador que contorce as expressões do rosto de um ribeirinho.  As escamas de tonalidade verde reluzem, mas não mais que os dentes, inteiramente à mostra. Da canoa, o pescador levanta um remo na tentativa de se proteger e na esperança de estar em um sonho.

A cena acima, apesar de aterrorizante, foi eternizada pelas mãos do escultor Jonas Corrêa e ganhou ares contemplativos. Exposta há mais de 15 anos no Shopping 3 Américas, a escultura é uma homenagem à cultura local e ao imaginário popular.

No Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, é válido rememorar as vivências culturais que levaram o artista à lenda urbana do Minhocão do Pari – uma das mais populares em Cuiabá.

De acordo com Jonas, a tradição do minhocão é parte de um imaginário que existe em praticamente toda a América do Sul. Trata-se, basicamente, da mesma lenda indígena que tem nomes, formas ou nuances distintos em cada região do mapa.

“Como artista, penso que avaliar uma narrativa tão rica como inverdade é acabar com a arte, acabar com a cultura, acabar com tudo. Foi uma história que me intrigou. Eu sempre gostei de mitologia grega, por que não dedicar uma obra ao imaginário local?”, disse Jonas, ao explicar a obra.

De acordo com o escultor, a peça foi inspirada em um homem de Santo Antônio de Leverger, que era absolutamente fascinado pela lenda do minhocão.

Diante da força de uma narrativa que ultrapassou gerações e territórios, Jonas decidiu eternizá-la por meio da arte, como forma de valorizar a cultura oral – que, no caso do Minhocão do Pari, faz referência a Cuiabá. A obra também é uma homenagem às vivências cotidianas na capital mato-grossense.

“Quando eu frequentava a região do Porto para pegar argila, os ribeirinhos comentavam que o minhocão “fuçava” a beira do rio Cuiabá e deixava a matéria macia. Alguns anos depois, espontaneamente, tive a oportunidade de reproduzir a minha versão do minhocão – uma peça grande, com água e peixes”, disse o artista.

De forma bem humorada, Jonas conta que muitas pessoas comentam o fato da peça ter dentes esculpidos – o que, para muitos, não faz sentido. A resposta do escultor, no entanto, estava pronta antes mesmo da exposição da obra: “Mas, por um acaso, você já viu um minhocão para saber se ele tem dentes?”, diverte-se o artista.

Atualmente exposta na Praça de Alimentação do Shopping 3 Américas, a escultura do Minhocão do Pari já é marca registrada do mall. No mês de julho deste ano, a peça passou por uma restauração e manutenção, que acontece a cada três anos.

BEM DE PERTO – Em 2018, o 3 Américas também reforçou o posicionamento “Bem de Perto”, que prioriza ações socioculturais, filantrópicas e cidadãs. A proposta expressa de forma objetiva a relação de proximidade estabelecida entre o Shopping e o público e tem a missão de estreitar o elo com os clientes.

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