Obrigatoriedade do uso de máscaras contra avanço do Covid-19 vira oportunidade para pequenos negócios

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Mulher usa máscara de proteção na Central do Brasil, no centro do Rio 17/03/2020 REUTERS/Ricardo Moraes

O uso do equipamento de proteção individual é obrigatório em dez estados e a partir desta quarta-feira (30) também no Distrito Federal

Quando Camila Sampaio, dona da loja de roupas Arara Store, de Brasília, anunciou nas redes sociais que passaria a produzir máscaras, não imaginou o sucesso que teria. Preocupada com a disseminação do coronavírus, a empresária comercializa equipamentos de proteção feitos com retalhos de coleções passadas e estima a venda de mais de 200 unidades por semana. “Eu vou disponibilizando aos poucos no site e em cerca de 15 minutos elas já esgotam”, disse. Com um custo de produção muito baixo, Camila destina os recursos arrecadados para a compra de cestas básicas. “Eu já tinha bastante tecido e elástico e recebi doações de outras lojas que apoiaram a causa”, comenta.

A demanda pelas máscaras em Brasília cresceu após decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB) que torna obrigatório o uso de máscaras nas ruas do Distrito Federal a partir desta quarta-feira (30/04) como medida de prevenção à disseminação do coronavírus. O texto recomenda o uso de máscaras caseiras para a população para que trabalhadores da saúde tenham prioridade na aquisição dos equipamentos de proteção profissional. Além do DF, dez estados já adotaram o uso obrigatório de máscaras, são eles Piauí, Mato Grosso, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia, Goiás, Espírito Santo, Pará, Rondônia e Minas Gerais.

Em São Paulo, onde o uso de máscaras é apenas recomendado pelas autoridades, a empresária Poliana Evangelista, dona do Ateliê Fofuras e Mimos, que vende peças para decoração de quarto de bebê, começou a produzir o material para proteger a família, mas após a orientação do Ministério da Saúde sobre os benefícios do uso de máscaras caseiras passou a comercializar. “Como a demanda pelo meu produto principal caiu bastante, o ateliê está vivendo praticamente da venda de máscara. Com o alto número de pedidos, hoje conto com a ajuda de mais duas pessoas da família para a produção”, revela Evangelista.

Poliana produz cerca de 150 unidades por dia e vende para o Brasil inteiro. “Além de São Paulo, a gente recebe muito pedido do Rio de Janeiro, Minas Gerais e até da Bahia”, afirma. Além das máscaras comuns, com proteção para nariz e boca em várias estampas, ela também produz máscaras com proteção para os olhos. “Faço doação de máscaras em hospitais públicos e lá identifiquei a necessidade de um material que protegesse também os olhos. A partir dessa demanda, resolvi diversificar o produto e comecei a comercializar também esses outros modelos”, comenta.

Em Fortaleza, no Ceará, onde ainda não há nenhuma orientação sobre a obrigatoriedade do uso do material de proteção, a artesã Eurides Silva, dona do Brigitte Atelier, conta que reconfigurou o seu negócio após perceber a alta demanda. “Eu publiquei uma foto nas redes sociais de algumas máscaras que fiz para a minha família e as pessoas começaram a pedir bastante”, afirma a empresária que já chegou a produzir mais de 100 máscaras em um dia. “A partir do momento em que eu entendi essa necessidade, interrompi a produção dos outros produtos, comecei a focar nas máscaras e para mim tem sido muito positivo, pois assim eu levanto uma renda para a família num momento de crise e ocupo as mãos e a mente nesse momento difícil”, finaliza.

“A vocação empreendedora do brasileiro é tão forte que dá gosto ver a capacidade e criatividade dos empresários de pequenos negócios de se adaptarem para superar momentos de crise. Prova disso é que 400 mil empresas conseguiram aumentar o faturamento neste período. Por isso, concentramos toda a rede do Sebrae para dar todo o apoio necessário neste momento”, ressalta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

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