Três exemplos de mulheres empreendedoras e ao mesmo tempo chefes de família.
Uma vida de exemplo, talento e dedicação
Mãe das pequenas Isabela e Nicole Sofia, de 2 e 4 anos, Silmara – assim como tantas outras mulheres – desdobra-se em manter a carreira profissional em harmonia com a vida pessoal. “É um sacrifício ficar longe delas. Estou de segunda a sábado, quase o dia todo, cuidando do restaurante e lanchonete sem parar um minuto. Aí, quando chego em casa, as horas com as meninas são escassas. Só que é importante ser independente. Inclusive, por elas”, pondera.
Há 19 anos, Silmara deu seus primeiros passos rumo ao negócio da família – encabeçado pelo empreendedorismo de sua mãe, Leonice Viana Tapajós Aguiar. “Cresci dentro do comércio. Ajudando no que era possível. Minha família veio de Tangará da Serra para Cuiabá e, aqui, minha mãe se aventurou a criar um restaurante no Shopping Popular.
Começou com uma panelinha de arroz no primeiro dia, que logo evoluiu de comidas caseiras para salgados, sucos e muito mais”, conta.
Silmara complementa que vivenciar tudo isso, desde cedo, fez com que ela descobrisse seu talento para o atendimento e aprendesse a lidar com as pessoas. “Aqui, no shopping, o movimento é muito intenso. Sempre acabei auxiliando no contato com o público. Apesar de sem querer, isso me guiou profissionalmente. Hoje, somos uma ‘grande família popular’ e minha mãe é nosso maior exemplo. E o ramo da alimentação é bastante feminino em Cuiabá. Muito respeitado”, pondera.
EMPREENDEDORISMO MISTURADO COM CORAGEM
Acilene é a mais velha de quatro filhos e cresceu em uma casa simples no bairro Consil, onde aprendeu desde cedo a correr atrás dos seus sonhos com muito esforço. “Meu pai trabalhava com garimpo e passava meses longe de casa e minha mãe ficava com a gente. Ela sempre foi muito batalhadora, trabalhou como enfermeira, vendedora, cozinheira e era eu quem cuidava dos meus irmãos e da casa toda. Então, sempre fui independente”, comentou.
A grande mudança na sua vida veio por meio da educação, quando a mãe conseguiu um emprego como cozinheira em uma fundação privada que ofertava escola para os filhos de funcionários. Acilene e seus irmãos tiveram acesso ao programa e na escola descobriu seu talento natural para gestão. Aos 16 anos, já trabalhava para ajudar nas contas de casa e, por ser uma das melhores alunas da escola, aos 18 conquistou uma vaga no programa de trainees do Banco Bradesco na agência localizada em frente ao Shopping 3 Américas, onde conheceu o atual marido, o advogado Jean Clini.
“Em 2004, ele me convidou para trabalhar no shopping. Comecei por baixo, passei por todos os setores, do estoque ao RH e, em alguns anos, alcancei o cargo de gerência e desde maio do ano passado assumi a presidência da Associação”, conta a empresária. Segundo ela, o segredo do sucesso é continuar estudando, se aperfeiçoando e buscando inovação constante, conquistando mais espaços.
“Eu aprendi com a minha mãe a sempre meter a cara pra fazer as coisas acontecerem. Como mulher, às vezes as pessoas esperam que a gente seja doce e delicada, mas essa força também faz parte da gente e não tem problema nenhum. Algumas pessoas enxergam isso como ser agressiva, mas a gente é competente e quando a gente quer, a gente faz”, conclui Acilene.
PARTICIPAÇÃO ATIVA É NECESSÁRIO AVANÇAR
Para Glaucia, as mulheres devem aumentar sua participação na tomada de decisões, algo ainda pouco visto. “Somos 51% da população e, por conta disso, pagamos 51% dos impostos. Temos o direito de ocupar 51% dos espaços decisórios, é algo bem simples. Infelizmente, o que mais vemos é justamente o contrário, poucas mulheres ocupando cargos de destaque. Infelizmente, o fato da Procuradoria-Geral ser um órgão em que há uma distribuição mais justa em relação a gênero, isso é uma exceção quando deveria ser regra”.
Formada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em 1997, a participação em conselhos, órgãos, entidades e associações tem marcado a vida de Glaucia desde o início da vida acadêmica. “Fui coordenadora-geral do DCE da UFMT e presidi o centro acadêmico da faculdade de Direito. Desde cedo tenho esta inclinação pela participação”, explica ela que foi presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Mato Grosso (Apromat) e vice-presidente da associação nacional da categoria.
Toda esta atuação em diversas frentes faz da procuradora expoente da luta pelos direitos iguais às mulheres em relação aos homens. “Sempre dizem que por trás de um grande homem há uma grande mulher. O ditado foi atualizado e a mulher foi colocada ao lado, mas se pararmos para pensar, por trás de uma grande mulher geralmente não há ninguém e, se há, é grande a chance de alguém tentando puxar ela para baixo. Isso precisa mudar”, finaliza.