MT é o 5º estado com maior número de casos de injúria racial no país, aponta anuário

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Foto: Isabelle Monteiro/TV Gazeta

Por Kethlyn Moraes, g1 MT

Mato Grosso é o 5º estado com o maior número de casos de injúria racial no país. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, publicado na última semana. O estudo traz números de 2020 e 2021.

Conforme a pesquisa, Mato Grosso registrou 390 casos de injúria racial em 2020 e 403 em 2021, um aumento de 2,1%.

Em 2021, o estado ficou em 5º lugar no ranking, com 11,3 casos a cada 100 mil habitantes, estando atrás apenas de outros quatro:

  1. Pará – 36,8 casos por 100 mil habitantes
  2. Santa Catarina – 32,8 casos por 100 mil habitantes
  3. Distrito Federal – 18,4 casos por 100 mil habitantes
  4. Amapá – 15,7 casos por 100 mil habitantes
  5. Mato Grosso – 11,3 casos por 100 mil habitantes

No ano anterior, em 2020, Mato Grosso também estava em 5º lugar, mas tinha a taxa um pouco menor. Confira:

  1. Santa Catarina – 40,1 casos por 100 mil habitantes
  2. Pará – 33,6 casos por 100 mil habitantes
  3. Distrito Federal – 14,3 casos por 100 mil habitantes
  4. Amapá – 13,5 casos por 100 mil habitantes
  5. Mato Grosso – 11,1 casos por 100 mil habitantes

Os estados de Rondônia, Bahia e Espírito Santo não entraram no ranking, pois não há informações disponíveis sobre os registros de injúria racial nessas regiões.

Já os casos de racismo foram 105 em 2020 e 82 em 2021, uma redução de 22,8%. Existem diferenças entre racismo e injúria racial.

Quanto aos casos de racismo, o estado estava em 3º lugar em 2020 e em 2021 ficou em 4°:

2020

  1. Rio Grande do Sul – 28,8 casos por 100 mil habitantes
  2. Rondônia – 4,3 casos por 100 mil habitantes
  3. Mato Grosso – 3 casos por 100 mil habitantes

2021

  1. Rio Grande do Sul – 36 casos por 100 mil habitantes
  2. Alagoas – 8,1 casos por 100 mil habitantes
  3. Rondônia – 3,5 casos por 100 mil habitantes
  4. Mato Grosso e Sergipe – 2,3 casos por 100 mil habitantes

Os estados de Pernambuco, São Paulo e Roraima não entraram no ranking, pois não há informações disponíveis sobre os registros de injúria racial.

Os dados do anuário são baseados nas informações das Secretarias de Estado de Segurança Pública e Defesa Social; Instituto de Segurança Pública/RJ (ISP); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo trecho escrito pelo pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e mestrando em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC, Dennis Pacheco, as reivindicações políticas por reconhecimento enfrentam problemas sociais relativos ao desrespeito, à dominação e ao apagamento, que tem origem nas hierarquias institucionalizadas de valor cultural.

“A hierarquia de valor racista atribui significados positivos às pessoas brancas, seus símbolos e produtos culturais (branquitude) e negativos às pessoas negras, seus símbolos e produtos culturais (negritude), bem como às pessoas, símbolos e produtos culturais indígenas”, diz.

O estudo aponta que pessoas mais conscientes de seu direito à não-discriminação tendem a se tornar mais dispostas a reivindicá-lo formalmente.

“A existência de um crescente debate em torno do racismo faz com que aumente a esperança das vítimas de terem sua reivindicação por não discriminação devidamente formalizada e atendida pelos sistemas de segurança pública e justiça a populações estigmatizadas, quanto nas respostas político-institucionais a essas diferenças por parte do setor de segurança pública”, diz outro trecho.

Um caso de discriminação pode ser interpretado como racismo, injúria racial ou injúria simples, o que implica na possibilidade de distribuições estatísticas muito distintas para um mesmo fenômeno.

“A conscientização racial das polícias, que implicaria em policiais que não eufemizam casos de racismo registrando-os como injúria simples ou injúria racial, por exemplo, poderia significar uma transferência significativa dos casos de injúria para os de racismo, por exemplo”, aponta a pesquisa.

 

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