Morte de Tertuliano Amarilha deixa familiares e AML enlutados

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O legado deixado pelo escritor Tertuliano Amarilha, titular da Cadeira 23 da Academia Mato-Grossense de Letras-AML, expressa de forma muito legitima a contribuição que ele deixou para a literatura. Na sua prosa e em seus versos, que somam mais de 500 títulos em português, espanhol e no guarani, nota-se que ele entregava-se verdadeiramente ao que escrevia”, disse a presidente da instituição, Sueli Batista que lamentou a partida do confrade, que era o sexto, dos 40 integrantes, por ordem de antiguidade na instituição. Seu falecimento se deu em decorrência de choque séptico, ocasionado por pneumonia. Além de escritor, na sua biografia registra-se o contabilista, jornalista, dicionarista, contista, poeta e compositor. Ele era filho de Eduardo Amarilla e Carmen Ávalos Amarilla, ambos de nacionalidade paraguaia viúvo, da senhora Guiomar,deixa quatro filhos, três netos e dois bisnetos.

Ao ingressar na instituição, em 1986, na presidência de Lenini Póvoas, Tertuliano citou que era quase inacreditável que naquela noite estivesse ele no mesmo lugar que o grande Dom Aquino Corrêa iluminou com a sua brilhante inteligência, recordando que na sua infância em Campanário (hoje Ponta Porã, divisa fronteiriça do Brasil e Paraguai), onde nasceu, ele se empolgava com os versos do Hino de Mato Grosso, nas festas cívicas, belíssimo poema do intelectual. Destacou ainda que ‘a humanidade, sem a literatura, desceria ao nada. Mas, alicerçada na inteligência e no saber, projeta-se para o alto afastando-se das trevas, para sorver os eflúvios da eterna bem-aventurança’. Terceiro ocupante da Cadeira 23, atuou em vários cargos na AML, o último deles foi na primeira gestão de Sueli Batista, como conselheiro fiscal.

Tertuliano viveu no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Veio para Cuiabá a convite do governador José Fragelli, de quem foi secretário particular, na década de 1970. Aposentou-se do serviço público do Estado. Sua dedicação à arte de escrever, resultou em centenas de livros em português, espanhol e guarani, e em diversos artigos para a Revista Mocidade – Casa Publicadora Brasileira – Santo André – SP; Jornal do Comércio – Campo Grande – MS e aos periódicos mato-grossenses: Diário de Cuiabá e Folha do Estado.
Considerado como poeta em níveis local, nacional e internacional, reconhecido por seus livros, sendo alguns títulos em três idiomas e por reconhecimentos e premiações. Recebeu convite de Portugal para participar do “Projeto Camões; teve publicações que despertaram o interesse de leitores dos EUA: “Flores dos prados mato-grossenses” e “Futuras Gerações, estão dentre outros que se encontram na livraria de Washington D.C; é autor dos Dicionários: português-guarani e guarani-português. Foi homenageado da Academia Brasileira de Letras-ABL, da parte do Acadêmico e Jornalista Murilo Mello Filho quando foi considerado: “Admirável intelectual, autor de uma obra importante na relação entre os idiomas guarani e português.

Recebeu premiações em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e já publicou livros, além de no Brasil, para o Paraguai, México, Portugal e Chile.  O programa Silvio Santos promoveu um “Concurso de Música” em São Paulo, com a participação da célebre cantora Perla, e Tertuliano Amarilha foi convidado para apresentar uma poesia com o título de “Perla paraguaia’. Homenageou também com uma destacada modelo brasileira, nascida em Mato Grosso do Sul, no livro Luiza Brunet, uma Deusa Imortal. Ele se apresentou com brilhantismo a poesia escrita em português e guarani. Em 2006 participou com estande exclusivo da Literamérica- Feira Sul-Americana do Livro, ocorrida em Mato Grosso e o fato mais inusitado foi ele ter lançado na AML, em uma única noite, 100 publicações. Quase todas as suas obras publicadas foram com recursos próprios.

Na qualidade de compositor letrista tem 70 fitas K7, CD’s, LP’s e DVD’s gravados por diversos artistas brasileiros. É associado à Casa do Poeta de São Paulo. Além de ter publicado mais de quinhentos livros, consta de sua história, por ele relatada, para a Revista dos 100 anos da AML, que ele tem a mesma quantidade, de inéditos, totalizando 1.000 títulos, além disso tem publicações no Facebook, acompanhando a mordenização tecnológica, até poucos meses antes de sua morte. Uma de suas ultimas poesias, retratava que a poesia já não brotava quando a vida o maltratava. “Girassóis” foi publicada em sua página do “Face” em 29 de dezembro de 2021. “Deus os fez para alegrar almas tristes dos mortais, são deleites para os olhos bonitos girassóis”. Outro poema, publicado um mês antes, mostrava o poeta confiante diante da morte. “Meu sonho me trouxe a este reino encantado repleto de flores que é um paraíso, aqui vejo o sol vertendo seus brilhos o céu exibindo um enorme sorriso”, disse em “Cantares na Brisa”. Para a presidente da AML, Sueli Batista, suas últimas poesia dão clareza da forma leve e sublime que Tertuliano Amarilha fez sua passagem, apesar da dor e do sofrimento experienciados em seus últimos dias.

O velório de Tertuliano Amarilha será nesta segunda-feira, das 8 às 15 horas, no Salão Nobre da Casa Barão, o cortejo terá como destino o Cemitério Bom Jesus, quando seu corpo será sepultado às 16 horas.

Da Assessoria

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