Massa de rendimentos delas variou de 35,7% a 37,4% entre 2015 e 2024.
Em 2024, uma pesquisa abrangendo mais de 53 mil estabelecimentos com 100 ou mais funcionários revelou que as mulheres brasileiras receberam, em média, 20,9% menos que os homens. Essa diferença salarial permaneceu praticamente inalterada em comparação a 2023 (20,7%) e 2022 (19,4%).
“Na remuneração média, os homens ganham R$ 4.745,53, enquanto as mulheres ganham R$ 3.755,01. Quando se trata de mulheres negras, o salário médio vai para R$ 2.864,39”, afirma o 3ª Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial, divulgado pelos Ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE). A análise considerou 19 milhões de empregos, um aumento de um milhão em relação a 2023.
A disparidade salarial entre mulheres negras e homens não negros atingiu 52,5%, superior aos 49,7% registrados em 2023. Em cargos de alta gestão, como diretoras e gerentes, a diferença aumenta para 26,8%. Para mulheres com nível superior, a desigualdade é ainda mais acentuada, chegando a 31,5% em comparação aos homens com a mesma escolaridade.
A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, atribui a persistência da desigualdade à necessidade de mudanças estruturais na sociedade. “Desde a responsabilidade das mulheres pelo trabalho do cuidado à mentalidade de cada empresa, que precisa entender que ela só irá ganhar tendo mais mulheres compondo sua força de trabalho, e com salários maiores”, declarou.
Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e Distrito Federal apresentaram as menores desigualdades salariais. Um aspecto positivo destacado pelos Ministérios foi a redução no número de empresas com menos de 10% de mulheres negras contratadas, de 21,6 mil para 20,4 mil.
“Houve um crescimento na participação das mulheres negras no mercado de trabalho. Eram 3,2 milhões de mulheres negras e passou para 3,8 milhões. Outra boa notícia é que aumentou o número de estabelecimentos em que a diferença é de até 5% nos salários médios e medianos para as mulheres e homens”, informaram as pastas.
Apesar do aumento da participação feminina no mercado de trabalho, a porcentagem da massa de rendimentos do trabalho das mulheres variou apenas de 35,7% para 37,4% entre 2015 e 2024, segundo o MTE.
Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas do Trabalho do MTE, observou que essa estabilidade se deve às remunerações menores das mulheres. O número de mulheres empregadas cresceu de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões em 2024, enquanto o de homens empregados aumentou em 5,5 milhões, totalizando 53,5 milhões no ano passado.
O relatório estima que R$ 95 bilhões teriam sido injetados na economia em 2024 se as mulheres recebessem salários iguais aos dos homens na mesma função.