MEMÓRIA DO LEGISLATIVO CUIABANO 1977: a Câmara homenageia o poeta Carmindo de Campos

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A Coordenadoria de Cultura e Resgate Histórico da Câmara Municipal de Cuiabá iniciou há três meses a digitalização e catalogação dos documentos oficiais da Instituição. Tratava-se de um grande arquivo, que aos poucos está se tornando um importante acervo histórico, conservado, organizado e acessível ao público.
No decorrer da catalogação, encontramos um projeto de lei que deu à época uma nova denominação à Rua do Barbado, nome em referência a um córrego da região, um dos afluentes do rio Cuiabá. O projeto de lei tinha como autor o vereador Benedito Alves Ferraz. O objetivo do vereador era homenagear o Sr. Carmindo Germano de Campo e, para tanto, deu um novo nome à rua do Barbado. A partir do dia 15 de dezembro de 1.977, exatos 40 anos atrás, essa via passou a denominar-se rua Carmindo de Campos.
O Sr. Carmindo de Campos nasceu em Cuiabá em 28 de maio de 1898, o único filho de Saluniel Mariano de Campos e Antônia Francisca de Souza Campos. Teve uma vida dedicada às letras e ao jornalismo. Durante a juventude, fundou o jornal humorístico “Caçula” e ingressou nos Correios, onde fez carreira por muitos anos, ocupando importantes cargos administrativos.
Ao tomar posse nos Correios em 1922, Carmindo de Campos foi transferido para a cidade de Cáceres. Retornou no ano seguinte para Cuiabá, e em parceria com o dr. Agrícola Paes de Barros, fundou o jornal “A Capital”. Foi correspondente de jornais nacionais em Cuiabá, criou um sistema de distribuição de jornais e revistas e foi proprietário de uma livraria na rua 13 de junho, no centro da cidade.
Dono de livraria, servidor dos Correios e jornalista, Carmindo de Campos era apaixonado por sua cidade natal. O jornal “O Estado de Mato Grosso” publicou um dos seus poemas em 1966, chamado “Cuiabá”, o qual transcrevemos:
“Cuiabá, minha velha e lendária cidade,
Você está remoçando…
Está ficando mais bonita…
Está ficando mais, muito mais catita.
Se o Pascoal Moreira Cabral visse você agora,
Garanto, não ia mais embora,
Nem Pires de Campos, nem outro bandeirante,
Porque você minha velha: está fascinante!
Você bem merece a liderança,
Desse velho e valente Mato Grosso,
Você tem um quê que prende a gente,
Você minha velha é um colosso…
Tudo em você, tudo, rescende a Brasil.
Teus morros, teu rio piscoso, teu céu de anil.
Teu rio é teu pai, e igual não há,
Foi dele que tiraste esse nome poético: Cuiabá!
Oh minha cidade linda, não sei porque,
Quando longe, sinto imensas saudades de você,
Sinto saudades do pacú, do bagre, da piraputanga,
Do licor de piqui, do doce de caju e da manga!
Sinto saudades desse calor sadio,
Que às vezes é melhor, muito melhor que o frio!
Oh minha Cidade linda, igual não há:
Oh minha velha e idolatrada Cuiabá.”
Um novo projeto de lei, em 1.992, elevou a rua à condição de avenida. A extensa avenida percorre os bairros Dom Aquino, do Terceiro, Jardim Paulista, Jardim Europa, Campo Velho, Jardim Tropical, Grande Terceiro, Jardim Petrópolis, Jardim Califórnia e Jardim Shangri-lá, na região Leste da capital. Liga-se à avenida Tenente Coronel Duarte, Miguel Sutil, General Mello, Tancredo Neves e Fernando Corrêa.
Aqueles que transitam pela avenida Carmindo de Campos encontram bancos, lojas de material de construção, oficinas e garagens de automóveis, lojas de móveis usados e o famoso Shopping Popular.
Não há dúvida de que Carmindo de Campos foi reconhecido e devidamente homenageado pela Edilidade cuiabana. Somos convidados a conhecer a história de Cuiabá através de seus personagens revividos nos logradouros públicos da nossa cidade.
Danilo Monlevade
Analista Legislativo
Coordenadoria de Cultura e Resgate Histórico

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