Rafael Medeiros Da Redação
A fotógrafa Mirian Rosa, de 32 anos, registrou um boletim de ocorrência na tarde desta quarta-feira (02.05), após ser alvo de ataque racista, a jovem recebeu áudios pelo WhatsApp, em que é chamada de ‘mucama’, ‘saco de lixo’, ‘crioula maldita’ entre outros xingamentos. (Ouça no final da matéria)
Nas mensagens dirigidas à ela, o homem é agressivo e ofensivo. Entre os inúmeros xingamentos, a chama de crioula maldita.
“Desde quando preto é gente? Vou falar uma melhor: quem é você na fila do açougue? Eu vou responder para você: pobre não come carne. Então, nem na fila do açougue você entra, crioula maldita”, diz o homem num dos áudios.
Mirian conversou com a reportagem do Jornal do Ônibus, e afirmou que conheceu o agressor Rafael André em um bar na segunda-feira (30.04). No local, a fotógrafa diz que, a princípio, trocou poucas palavras com o acusado. Depois, eles tiveram um desentendimento por motivos religiosos.
“A gente estava conversando sobre religião e eu disse que era muito apegada a Deus. Mas ele me disse que era ateu e começou a falar palavras pesadas”, diz em entrevista ao Jornal do Ônibus.
Em um dos últimos áudios, o homem ironicamente convida Mirian para um churrasco. “É o seguinte: vou queimar uma carne lá em casa. Preciso de você, como a matéria: o carvão e o saco de lixo para recolher o que restar”, diz.
Mirian contou que essa não é primeira vez que é vítima de racismo.
“A gente acaba sofrendo pequenos preconceitos no cotidiano, mas eu já havia passado por uma situação que teve grande impacto na minha vida, quando me acusaram de tentar furtar uma loja, somente por ser negra”, encerra a Jovem.
Nota de repúdio
Nesta quinta (3), o Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune) emitiu uma nota de repudio contra os ataques racistas sofridos pela fotógrafa. A entidade afirmou que cobrará, das autoridades responsáveis, a prisão do responsável pelas ofensas, além de medidas protetivas para a mulher, para evitar que ela sofra novas agressões.
Por meio de comunicado, o Imune afirmou que permanecerá cobrando a prisão de Rafael André, juntamente com outros movimentos sociais. O instituto pretende que o homem responda pelo crime de racismo – quando o preconceito atinge todos os indivíduos da raça – e não como injúria racial – quando a ofensa ocorre à honra de alguém, por meio de elementos da raça.
Conforme a entidade, Rosa também deve receber atendimento social e psicológico. Para o homem e sua família, o instituto pede que seja oferecida formação a respeito de temáticas como racismo, violência racial e de gênero.
A mensagem provocou revolta de pessoas no Facebook. Em apenas um post, o arquivo tinha mais de 300 compartilhamentos, com reação de 300 usuários da rede social. No perfil da fotógrafa, o post foi visto mais de 16 mil vezes.