Eleição 2018: a esfinge

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Se há eleição presidencial mais complexa e imprevisível, desde quando se redemocratizou o Brasil, em 1984, sem dúvida, é a atual corrida ao Planalto. Uma verdadeira esfinge grega, se não for decifrada, seremos todos devorados pelo surgimento de mais um “salvador da pátria”, mecenas, pai dos pobres, injustiçado redimido, justiceiro, ou coisa parecida.

 

Como diz um analista político: “as pesquisas de intenção de voto, nesse momento, não flagram o ardor da campanha. Devem ser vistas como meras referências pré-eleitorais. Refletem as ondas do momento. Os recursos para essa campanha, mais curtos, e o tempo menor de propaganda e para a campanha de rua, incentivam candidatos a procurar apoios em estruturas organizadas – associações de categorias profissionais e movimentos.

 

Não haverá tempo para o setor político se empenhar na votação de projetos importantes. Depois da Copa, a partir de 15 de julho, aguarda-se uma revoada das aves políticas para seus ninhos estaduais.” (Torquato Jardim). Candidatos para todos os gostos, ou até, indigestos.

 

Por exemplo: Ciro Gomes peca pela língua, incontida, agressiva, apesar de sua formação e experiência; ex-ministro de Lula, uma chapa time dos sonhos composta por ele como presidente e Haddad como seu vice, apesar da resistência de parte do PT mais radical. Lula, pelas informações, o apoia, embora saiba que lança-lo será uma luta de cachorro grande com seus militantes e seguidores, principalmente, a Presidente “bolivariana” do partido- Gleisi Hoffman.

É bom o eleitor cobrar, para não continuar pagando a conta de toda essa – e novas que surgirão – roubalheiras

 

Aliás, Lula sabe muito bem e o PT que, se não ocorrer um milagre, uma virada de mesa do TSE ou do STF, ele está fora da eleição, pois condenado em segunda instância e inserido na Lei da Ficha Suja- inelegível, portanto; Embora conte com amigos fiéis no STF, dizem as fofocas da Suprema Corte. Como disse Pedro Simon (ex-senador ético e íntegro), “É a hora da verdade. Já tivemos de tudo: ditadura, liberdade. Mas não tivemos o encontro de nós com nós mesmos. O Supremo está indo bem, fazendo justiça. Estamos nesse caminho. Tem gente doida para tirar o Lula, mas se ele sair, sai o resto. “ (G-1).

 

Alguns especialistas veem em Ciro uma das vozes mais experientes, mesmo que não tenha ganhado antes, mas ele sabe como se faz uma campanha, é bom debatedor, entende de Brasil, principalmente, economia. Se for assessorado e contido no linguajar de “cabra macho nordestino”, pode surpreender. Fala-se em Fernando Haddad – ex-prefeito de São Paulo, como seu vice, numa estratégia de Lula, mas, Haddad é muito hostilizado no PT radical: é intelectual, professor universitário.

 

Marina Silva, ex-ministra de Lula, a única mulher do grupo de candidatos. Na última eleição ela recebeu mais de 20 milhões de votos, concorrendo pelo PSB. Seu maior ponto fraco foi o desempenho no debate político da eleição passada, muitos especialistas alegaram que ela foi “atropelada” pelos outros nessa etapa. O que faz muitos acharem hoje, pouco provável que ela ganhe agora.

 

A pureza – e até, certa beatice e fundamentalismo religioso, são pontos que o eleitorado vai avaliar. Mas, como o povo busca um candidato puro, não da “lava jato”, de mãos ainda limpas, pode ser uma boa aposta. Assim também, como Jair Bolsonaro, militar da reserva, mas que nunca vestiu o pijama, deputado federal por quase 30 anos, é a voz dos saudosos da Ditadura – “lei e ordem”, “bandido bom, é bandido morto”, por sua visão crítica a política brasileira tornou-se um ponto de referência para muitos hoje em dia acabou surpreendendo quando se divulga nas pesquisas, sem Lula, a sua dianteira aos demais.

 

As pesquisas inclusive mostram que ele venceria em diversos Estados e é um dos candidatos que mais cresce nas pesquisas. Um governo de orientação militarista seria a solução? O Exército não está conseguindo resolver o atoleiro da segurança do Rio de Janeiro; ele vai conseguir pacificar o país?

 

Por sua vez, Geraldo Alckmim carrega a herança “maldita” do PSDB, com Aécio Neves assombrando o partido e Eduardo Azevedo – ex-governador de MG preso; embora Alckmin que foi bom governador de São Paulo por 03 vezes, experiente, comedido em suas falas, mas seu fardo é pesado, nessa ânsia popular de achar um candidato imaculado, tipo Joaquim Barbosa, esperança malograda.

 

Política – como se pratica hoje no Brasil – não é a sua praia. Os demais são pouco conhecidos do Brasil: Boulos do PSOL tem uma mancha difícil de limpar – a cobrança extorsiva dos ocupantes de imóveis invadidos que seu MTST faz, como vimos no recente episódio do prédio em São Paulo. Pessoas que já são verdadeiros párias, excluídos da sociedade, migrantes ilegais e que ainda são explorados por “movimentos sociais”. Esse fato será cobrado pelos adversários na campanha; Senador Álvaro Dias – Podemos, quem o conhece além da região sul?; Meirelles- MDB, ex-ministro da Fazenda, tem um discurso técnico competente, mas, seu próprio partido o boicota e a sombra de Temer é difícil de explicar ao eleitorado.

 

Creio, assim, que essa eleição será o momento do brasileiro olhar-se no espelho, fazer autocrítica, e decidir se quer continuar com tudo isso que aí está, ou buscar um futuro melhor para sua família e a pátria. O papel da imprensa – livre,  investigativa e não cooptada por partidos ou grupos econômicos, será fundamental, até para combater as “fakes news”- notícias falsas que já começam a se alastrar.

 

Como disse o Ministro Luiz Fux -STF: “”As eleições no Brasil serão um exemplo de higidez democrática, exemplo de moralidade e de ética na politica brasileira. Para notícias falsas, nós precisamos de mais imprensa e mais jornalismo”. Essa eleição não será para cardíacos. A baixaria vai suplantar tudo o que de sujo nós já vimos, dizem os especialistas: dossiês, calunias, fake-news, etc.

 

Projetos para o Brasil sair do atoleiro? É bom o eleitor cobrar, para não continuar pagando a conta de toda essa – e novas que surgirão – roubalheiras. Votos nulos, em branco, abstenção às urnas, somente contribuirão para a continuidade desse “status quo” e de seu caciques, atuais. A hora da verdade está chegando. Lembrem-se saudosistas ou fiéis militantes de super-heróis, a história só se repete como uma farsa.

 

AUREMÁCIO CARVALHO é advogado

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