No mercado à vista, o dólar fechou em baixa de 1,15%, cotado em R$ 5,2960 – o menor valor desde 5 de agosto
O real teve novo dia de fortalecimento, operando novamente descolado das moedas emergentes, que nesta quinta-feira, 3, se desvalorizaram em sua maioria ante o dólar, e também descolado dos ativos domésticos, com a Bolsa fechando em queda acompanhando a realização de ganhos em Nova York, e o risco-País subindo. O noticiário local positivo, marcado pela apresentação da reforma administrativa e pelo forte crescimento da produção industrial brasileira em julho, teve peso determinante para a queda do dólar hoje, a terceira consecutiva, de acordo com profissionais nas mesas de câmbio.
No mercado à vista, o dólar fechou em baixa de 1,15%, cotado em R$ 5,2960 – o menor valor desde 5 de agosto. No mercado futuro, o dólar para liquidação em outubro cedia 0,97%, cotado em R$ 5,2940 às 17h.
“O Brasil é hoje a única história de reformas na economia mundial”, destaca um gestor de hedge fund em Nova York, citando a apresentação da reforma administrativa, a aprovação do marco regulatório do gás na Câmara e a expectativa de avanço da reforma tributária. Para ele, esse é o principal motivo que tem feito o real operar descolado de outras moedas emergentes nos últimos dias, devolvendo parte da forte desvalorização registrada em agosto.
“Atribuo o comportamento o dólar esta semana principalmente ao noticiário positivo local”, reforça um diretor de tesouraria. Se as notícias domésticas têm agradado ao mercado, este executivo comenta que o mesmo não vem ocorrendo em outros emergentes, como a Turquia e África do Sul, ambos com fundamentos frágeis. Na Turquia, por exemplo, a atuação do governo para conter a sangria da lira, que hoje atingiu piso histórico ante o dólar, vem sendo questionada pelos economistas e investidores, e a inflação anual está perto de 12%.
Nos últimos seis pregões, o dólar só subiu em um, acumulando queda de 6%. “Prevalece o clima de otimismo com a apresentação da reforma administrativa e com os dados positivos da produção industrial”, afirma o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. O indicador cresceu 8% em julho ante junho. “O crescimento mais forte que o esperado em julho reforça a sinalização de que a economia local tem se recuperado fortemente no terceiro trimestre”, afirma a consultoria inglesa Capital Economics.
No exterior, o dólar subiu ante a maioria das moedas emergentes e no final da tarde passou a cair ante divisas fortes, ajudado por dados fracos de serviços de agosto. Para os economistas do banco CIBC Capital Markets, é mais um indício de perda de fôlego da recuperação da economia americana. A expectativa agora é para a divulgação amanhã do relatório de emprego dos EUA, conhecido como payroll.
Por Estadão Conteúdo