Consciência cidadã é peça chave no combate aos impactos socioambientais gerados pelo lixo

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Simples hábitos de consumo possuem dimensões grandiosas em se tratando de uma capital do porte de Cuiabá. Com uma extensão que abrange mais de três milhões de quilômetros e uma população de quase 600 mil habitantes, escolhas do dia-a-dia exercem um impacto tridimensional, refletindo diretamente no descarte e na destinação de resíduos sólidos. Seus reflexos repercutem tanto no campo ambiental, como social e sanitário. A temática do lixo vai além da coleta seletiva e envolve um espectro dinâmico e complexo, que depende da consciência cidadã para garantir uma qualidade de vida agradável para toda a população. Saber tomar decisões e aplicá-las a um novo meio de encarar tudo aquilo que consumimos é o que vai permitir a consolidação da genuína sustentabilidade mútua e harmônica, uma das principais missões do prefeito Emanuel Pinheiro.

“A produção de lixo está diretamente vinculada a tudo que consumimos diariamente. Em uma sociedade que opera em ritmo acelerado em virtude dos avanços tecnológicos, produtos duráveis e até mesmo alimentos adquiriram um novo significado. Tudo se torna facilmente descartável e a preocupação com as consequências oriundas desse descarte acabam passando despercebidas pela maioria de nós. A consciência cidadã nasce com uma pequena palavra: repensar. Se na questão econômica das escolhas nós não repensarmos nossos hábitos, teremos graves consequências ambientais, sociais e sanitárias. Sedimentos como o chorume percolam o meio ambiente, afetando o lençol freático. O resíduo exposto ao sol libera toxinas que comprometem a nossa saúde, além de gerar uma poluição visual nociva. O descuido com aquele lixo que produzimos afeta nosso sistema imunológico, compromete nossa relações interpessoais e pode se tornar um problema crônico”, revelou o chefe do Executivo.

O gerenciamento dos resíduos sólidos é uma tarefa que não compete apenas ao poder público. Cidadania implica no conhecimento prático das responsabilidades que cada munícipe tem e a compreensão e eventual separação dos produtos consumidos precisam ser conduzidas por uma ótica mais madura, que compreende  a saúde geral de uma nação e está intimamente ligada à maneira como lidamos com o ambiente que nos rodeia. Uma das missões garantidas a cada cidadão é a percepção de que bens duráveis podem e devem ter sua vida útil prolongada. Com políticas de consumo cada vez mais intensas, roupas perdem tempo de duração mediante os modelos de produção que seguem o Fast Fashion e alimentos atravessam longas distâncias, cercados por compostos químicos abrasivos e embalagens rapidamente descartadas.

“A obsolescência programada tem feito com que coisas em bom estado parem em aterros sanitários sem necessidade. São uma infinidade de produtos, como roupas, calçados e aparelhos digitais, que poderiam ganhar uma destinação diferente. Coisas poderiam ser reutilizadas ou até mesmo trocadas e doadas. Não são lixo, mas acabam se tornando. A população precisa desenvolver este conceito de que nem tudo precisa ser descartado. Existem alternativas amigáveis que permitem a extensão de objetos sem que eles se tornem resíduos inutilizados. Políticas simples, que redefinem não apenas a nossa rotina, mas a vida em comunidade. Adotar um copo no trabalho já garante uma queda brusca no uso de plásticos descartáveis. Sacolas reutilizáveis nas compras e o reaproveitamento de garrafas plásticas para novas atividades são outras opções possíveis. E quando não houver mais vida para o produto, a separação adequada dos resíduos é a escolha certa”, pontuou Amujacy Ferreira Morais, bióloga da Vigilância Sanitária do Município.

Gerenciar o lixo engloba uma série de etapas que envolvem a destinação e disposição destes resíduos sólidos. O encaminhamento adequado para pontos de coleta seletiva, coordenados por cooperativas, é a garantia de que os objetos mais diversos não terão o seu rumo na natureza, degradando o meio ambiente. O trabalho dessas instituições consiste em dar novos caminhos para embalagens descartáveis, permitindo que elas perdurem por mais tempo. A dinâmica do manuseio do descarte também engloba aspectos como incineração (quando necessário), decomposição e aterro sanitário. Neste espaço, estes recursos remanescentes são devidamente tratados e após estes procedimentos, os restos não mais aproveitados, chamados de “escória”, vão para o seu destino final, que consiste na disposição.

“Esses processos são conduzidos sob a liderança do município, mas tudo isso começa dentro de casa, em atitudes comuns. A separação dos resíduos sólidos está prevista por lei e é importante que cada família tenha em sua cozinha duas lixeiras, para que a separação seja discriminada como úmido/seco. O primeiro corresponde a materiais orgânicos, como restos de alimentos e cascas de frutas. Já o segundo, envolve materiais recicláveis como latas, garrafas plásticas, peças em TetraPark e embalagens em geral. Nestes últimos casos, é fundamental que o cidadão faça a tríplice lavagem. Este rápido procedimento consiste em misturar algumas gotas de detergente com água, higienizando o pacote. Com isso, a vida útil do recipiente aumenta, evitando a presença de odores e insetos, aprimorando o processo de descarte e eventual aproveitamento do resíduo em questão”, compartilhou a bióloga.

O impacto dos resíduos sólidos no meio social é evidente, comprometendo a vida em comunidade. E para que um novo conceito faça parte da sociedade de maneira prática, a Prefeitura de Cuiabá tem investido na consciência cidadã, trabalhando a premissa nas crianças da rede pública de ensino. Através do dinamismo, lições sobre ecologia, gestão ambiental e “os caminhos do descarte de lixo” são ensinados aos pequenos, que descobrem um jeito diferente e divertido de cuidar da Capital. Os ensinamentos naturalmente são disseminados adiante, permitindo que um número cada vez mais crescente de pessoas se envolvam nessa nova metodologia de repensar os hábitos de consumo, conforme salientou o secretário municipal de Educação, Rafael Cotrim.

“A Semana do Meio Ambiente é uma ação que tem feito a diferença na vida das nossas crianças. Através de palestras que abordam temáticas como os cuidados com os nossos recursos hídricos e os impactos positivos da reciclagem, elas estão desenvolvendo um conceito mais maduro a respeito dos resíduos que descartamos. Dentro deste contexto, desenvolvemos a tradicional Gincana Ecológica em parceria entre as pastas de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e Educação, que envolve todas as comunidades das unidades de ensino em uma divertida saga de coleta de garrafas PET. Essa missão tem contribuído para uma mudança na cultura das próprias escolas, além de gerar um movimento grandioso, onde pais, filhos e vizinhos se unem para retirar do meio ambiente aquelas embalagens que foram descartadas incorretamente. No ano passado, a competição resultou no recolhimento de 3.400 toneladas de materiais, que foram encaminhados para as cooperativas parceiras, dando sequência nessa grande corrente cidadã”, concluiu o gestor.

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