Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis, conduzida por Vinícius Amoroso, que faz jus ao nome e trata a cidade com muito amor e carinho
Por Denilson Paredes
Criada pela Lei Municipal nº 523 de 08 de julho de 1977, a Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder) completou recentemente 46 anos de existência e continua prestando relevantes serviços para a comunidade rondonopolitana, como a limpeza urbana, varrendo e coletando todo o lixo da região central da cidade todos os dias, além de ser a responsável pela manutenção da iluminação pública, pavimentação asfáltica, tapa-buracos, sinalização, construção de pontes de concreto, faixas elevadas, meios-fios e outros. Mas acumulou dívidas milionárias nesse período, o que chegou a ameaçar a Companhia de fechamento.
Este ano, a prefeitura da cidade decidiu adquirir a totalidade de suas ações e ela deixou de ser uma companhia de economia mista para se tornar uma empresa 100% pública, como parte de uma estratégia levada à cabo pelo prefeito José Carlos do Pátio (PSB) de renegociar suas dívidas e promover as mudanças necessárias para que ela se reinvente e possa continuar dando sua contribuição para o crescimento ordenado e limpo da cidade.
Para conduzir a Coder para essa nova fase, Pátio destacou o advogado Vinícius Amoroso, espécie de “coringa” do gestor municipal, tendo passado por vários cargos e secretarias municipais sempre para resolver alguma situação a pedido do gestor municipal. Ele conta que inicialmente sua missão é trazer uma estabilidade jurídica e financeira para a empresa. “Nós temos um déficit orçamentário e um passivo muito grande que precisa ser resolvido. E a nossa preocupação é com as certidões (de regularidade fiscal), pois hoje a Coder não consegue pegar mais obras e serviços por não ter essas certidões. Desse modo, precisamos retornar nossa estabilidade jurídica e retomar os contratos com a prefeitura de Rondonópolis e com outros órgãos públicos”, conta.
Amoroso conta que hoje em dia a administração municipal assume a responsabilidade de contratar os serviços da Coder mesmo sem as certidões positivas, situação que o seu presidente diz estar com os dias contados. “Hoje o prefeito traz para si a responsabilidade, mas não tem um parecer positivo da Procuradoria Geral do Município. Da maneira como está hoje, a Coder não tem viabilidade jurídica de ser contratada por não ter essas certidões, mas já trabalhamos para resolver em breve essa situação”, explicou.
Essas dívidas, segundo ele, são de origem previdenciárias e não previdenciárias com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e somam valores acima dos R$ 200 milhões. “Nós estamos trabalhando no processo de parcelamento dessas dívidas e já temos um parecer positivo da PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional), mas para efetivarmos o parcelamento, nós temos que apresentar um plano de contenção de despesas e já dispensamos várias pessoas, cortamos as horas extras e auxílios dos funcionários, além do corte de valores gastos com combustível, e outros, visando nos adequar para conseguirmos o parcelamento. Tivemos que provar que temos capacidade efetiva de pagar esse parcelamento”, completou o presidente da Coder.
Sobre o fato de a prefeitura ter adquirido as ações da Coder que ainda estavam em poder de acionistas, Vinícius Amoroso conta que uma das vantagens da medida é que em breve isso poderá significar uma diminuição de encargos e impostos. “Mas isso a partir do momento em que eu estiver em dia com essas certidões. Serão aproximadamente R$ 700 mil de economia em encargos por mês de economia que vamos ter, desde que consigamos as certidões. Quando atingirmos esse ponto, a Coder passará para um novo patamar da sua trajetória”, disse, orgulhoso.
Estrutura
A Coder tem hoje um quadro funcional que conta com 541 servidores diretos, contratados após passarem em concursos públicos, e cerca de 200 terceirizados, que no caso são reeducandos e reeducandas da Penitenciária da Mata Grande, que trabalham na limpeza da cidade, na fabricação de artefatos de concreto, como tampas de bueiros e meios-fios, além da fabricação de uniformes da companhia, que são fabricados todos dentro dos muros da penitenciária. Todos esses reeducandos e reeducandas recebem um valor em dinheiro pelo seu trabalho e tem sua pena reduzida proporcionalmente. “Nós temos duas frentes de trabalho. Uma dentro da penitenciária, que serve para aqueles reeducandos que estão no regime fechado, e para os do regime semiaberto, os trabalhos nas ruas. E essa é uma parceria que deu certo e é muito positiva para nós”, externou Amoroso.
O presidente da empresa pública conta que em 2022 a Companhia movimentou valores de cerca de R$ 70 milhões de forma direta e recebeu cerca de R$ 36 milhões em investimentos indiretos, com as diversas secretarias da administração comprando maquinários e cedendo para a Coder trabalhar. “É sempre importante lembrar que nós não temos uma dotação orçamentária como as secretarias. Só recebemos pelo serviço que prestamos. Mas é uma decisão da administração do prefeito Zé do Pátio que a Coder permaneça aberta e seja fortalecida, para continuar contribuindo com o crescimento da cidade”, afirmou Vinícius Amoroso.
Expansão
No momento, a Coder finaliza a construção de três usinas em uma área ampla localizada no Distrito Industrial Vetorasso, onde fabricará o CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente), o RRCC (reciclagem de resíduos da construção civil) e concreto usinado. “Já estamos numa fase bem adiantada das obras. Agora precisamos de caminhões-pipa, caminhões-betoneira, para a manutenção das usinas, e também precisamos de toda a mão-de-obra, qualificando alguns profissionais que já estão conosco. E essas usinas vão gerar lucros para a Coder, pois a nossa capacidade de produção será muito maior que a nossa demanda”, declarou Amoroso.
Elas já estão instaladas e a previsão é que até o final desse ano estejam funcionando. “Isso nos proporcionará um menor custo e maior capacidade de produção de serviços. É nisso que temos trabalhado: aumentar a nossa capacidade de trabalho sem aumentar a mão-de-obra, pois temos excelentes funcionários mau utilizados. Nós vamos trabalhar na ampliação da nossa capacidade produtiva e no redimensionamento das nossas equipes para que a gente aumente a produção sem aumentar a quantidade de servidores. Os nossos servidores estão cientes disso e vemos que eles entendem. Isso nos levará a uma condição de saúde financeira”, ressaltou.
Para o futuro, a perspectiva é tornar a Coder, agora 100% uma empresa pública, novamente superavitária, ou seja: que ela se sustente financeiramente e ainda obtenha ganhos financeiros. “É possível tornar a Coder uma empresa sólida e principalmente competitiva. Nós vamos trabalhar para deixá-la nessa situação. O que nós queremos é leva-la, junto com os nossos trabalhadores, para outro nível. Ela é muito importante, está no coração do rondonopolitano e eu não consigo imaginar Rondonópolis sem a Coder. Como ficaríamos sem a limpeza do centro da cidade, sem a troca da iluminação pública por um mês? Sem o tapa-buracos? Entraríamos num colapso. O seu único problema era que seu custeio estava muito alto e suas dívidas sufocantes. Equacionando isso, o seu futuro é brilhante”, concluiu.