A palavra do político

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Houve um tempo em que a palavra do político era sagrada. O respeito por ele era absoluto. Um simples aperto de mão era o suficiente para celebrar um acordo político ou, até mesmo, assegurar que a promessa de campanha para grandes obras seria cumprida. Afinal, palavra empenhada era palavra cumprida.

 

Um belo exemplo de palavra de político honrada foi de Juscelino Kubitscheck. Durante a campanha presidencial, JK foi indagado por Antônio Soares Neto – pessoa que eu tive a oportunidade de conhecer durante uma solenidade no Senado Federal – num comício na cidade de Jataí, no interior de Goiás, sobre a construção de Brasília.

 

O episódio ocorreu em 4 de abril de 1955. Por causa de uma forte chuva, o evento da campanha política precisou ser improvisado no barracão de uma oficina mecânica. O palanque usado por JK foi a carroceria de um caminhão quebrado. A pequena distância, entre ambos, facilitou que Antônio Soares fizesse o questionamento. Em seu discurso, JK respondeu: “Acabo de prometer que cumprirei, na íntegra, a Constituição, e não vejo razão por que esse dispositivo seja ignorado. Se for eleito, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do governo”.

A falta de caráter é característica de políticos com baixa consciência moral, sem educação política, uma vez que esses políticos não objetivam melhorar, pelo menos não sinceramente.

Brasília foi construída em apenas 4 anos e o Brasil deixou de ser apenas o país da faixa do litoral. Deveria ser assim sempre. Mas, não é o que acontece em nossos dias. A maioria das obras começam e não terminam. E quando terminam, são malfeitas. Escolas, hospitais, VLT’s, ferrovias, viadutos, estádios, centros-olímpicos, usinas, obras inacabadas espalhadas pelo país mostram o porque dezenas de políticos estão na cadeia por desvio do erário.

 

É bom que se diga, que as falhas são características naturais do ser humano. Errar faz parte do desenvolvimento e é graças aos erros que muitas de nossas aprendizagens, e mesmo evolução como pessoas, acontece. Mas, errar de forma proposital é o que chamamos de falta de caráter. Ela é percebida quando erramos repetidamente com os outros, causando prejuízos à sociedade, e ferindo sentimentos por meio de manipulações e mentiras.

 

A falta de caráter é característica de políticos com baixa consciência moral, sem educação política, uma vez que esses políticos não objetivam melhorar, pelo menos não sinceramente.

 

Afinal, que tipo de político queremos em nossa sociedade? O mau caráter, quem demonstra maldade ou qualidades negativas, sem escrúpulo, que engana as pessoas sem o menor constrangimento. Ou o bom caráter, de boa índole, qualidade e firmeza de atitudes.

 

O filósofo grego, pré-socrático, antes da era cristã, Demócrito, avançou sobre o conceito de um universo finito, onde há muitos outros mundos na terra. É de sua autoria a frase: “o caráter de um homem faz seu destino”.

 

Para evitar o desvio de caráter, uma das principais preocupações que devemos ter nos dias de hoje é a formação do caráter de nossos filhos. Num mundo em que os comportamentos antiéticos e imorais são apresentados nos noticiários e vivenciados diariamente, formar cidadãos de bem e com valores sólidos é um dos grandes desafios do Brasil.

 

A família exerce um papel importantíssimo na formação do caráter da criança, que começa a ser desenvolvido nos primeiros anos de vida. O caráter está diretamente interligado ao modo de pensar, sentir ou reagir de uma criança. Na fase da adolescência, é imprescindível, também, esse acompanhamento. É com a repetição de bons hábitos nas relações afetivas entre pai e filho, é que construiremos cidadãos de bom caráter.

 

Pensar corretamente a sociedade ajuda a transformá-la. Com ética todos ganham. Com mentira e enganação, uns ganham e a maioria perde. Pense nisso e reflita olhando para seus filhos e sua família. Sei que você vai concordar comigo.

 

VICENTE VUOLO é economista e cientista político.

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