Por Rafael Medeiros
Estudante de Direito de 25 anos foi parar na delegacia após desacatar policiais militares que faziam rondas na Praça da Mandioca, em Cuiabá. A mulher, segundo a polícia, teria arrotado no rosto de um dos PMs. A jovem que foi fichada, por desacato à autoridade, desobediência e resistência à prisão, agora deve comparecer a uma audiência no Juizado Especial Criminal no dia 23 de outubro.
As acusações são de um sargento da Polícia Militar, que em Boletim de Ocorrência se declara vítima da universitária.
Consta no documento, que o PM a abordou durante ronda que fazia, na companhia de um soldado na Rua Engenheiro Ricardo Franco, nos arredores da Praça da Mandioca, por volta das 2h de domingo (22).
“Eu e um grupo de amigos tínhamos saído de uma peça de teatro e fomos para lá comer. Tomamos umas quatro cervejas. Entre amigos, soltei um arroto, mas não imaginava que ia me envolver numa situação dessas. É surreal o que estou passando”
Na comunicação da ocorrência, policiais contaram que chegaram ao local e que o sargento disse que ela estava em distância próxima, quando teria direcionado um arroto a eles. E que ele teria, inclusive, sentido um forte odor de maconha. “Sendo assim, foi realizada a abordagem, verbalização e, na revista, ao solicitar que mostrasse os pertences dentro da bolsa que portava, ela se recusou a obedecer a ordem policial”, diz trecho do BO.
E ainda que teria sido agressiva em resposta à abordagem e até mesmo arranhado o rosto dele, na altura dos olhos, deixando lesões aparentes.
A jovem revelou que se viu como personagem de uma comédia. “Eu e um grupo de amigos tínhamos saído de uma peça de teatro e fomos para lá comer. Tomamos umas quatro cervejas. Entre amigos, soltei um arroto, mas não imaginava que ia me envolver numa situação dessas. É surreal o que estou passando”, desabafa.
“Eu vi a viatura passando, mas nem me liguei. Foi algo tão natural. Sei que foi um gesto mal educado, mas não tinha nenhuma ligação com a presença dele. Foi um ato involuntário”, defende.
E ela reforça: “pode ser que eu seja alvo de críticas, por ser uma mulher, tomando uma cerveja em um bar. Mas eu digo com certeza, que eu não estava bêbada e, nem tão pouco havia feito uso de substância entorpecente, como ele afirma”.
“Estou muito nervosa, com medo, não posso ver uma viatura passando que meu coração bate rápido e forte. Eu quero que essa situação se resolva o quanto antes”.
O policial, segundo ela, a abordou, acusando-a de tê-lo desacatado. “Ele disse que tinha se sentido ofendido e desrespeitado”, relembra.
“Quando ele se aproximou da mesa, disse: ‘a senhorita poderia se levantar? Você está presa’. Eu disse a ele: mas como? eu te desacatei como?. Eu não fazia ideia do que eu estava sendo acusada. Eu tenho 1,59 m. Ele tem por volta de uns 1,80 m. Como eu poderia oferecer risco a ele?”.
De acordo com o relato da jovem, ele saiu, como quem fosse embora. “Entrou na viatura, demorou um pouco e logo voltou. Como quem tivesse dado uma volta no quarteirão e se decidido que iria me levar dali. E foi o que aconteceu. Se eu não tivesse ido espontaneamente, tudo poderia ter sido pior”.
Ele tentou revistá-la, mas as amigas não permitiram, já que exigiam a presença de uma policial feminina. “Ele ficou bastante bravo e antes de me levar para a viatura, me puxou bem forte a ponto de rasgar a minha blusa. Meus seios ficaram à mostra em plena Praça da Mandioca”.
A reportagem do procurou a assessoria da PM, que informou que a Corregedoria da Polícia Militar já recebeu a denúncia e está levantando informações. A PM aguarda o depoimento da denunciante para que ela formalize a denúncia e assim, seja instaurado procedimento investigatório para apurar a conduta do policial.