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UFMT pode te salvar do alagamento

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Em mais uma reportagem sobre os grandes feitos da Universidade Federal de Mato Grosso, O Estado de Mato Grosso traz agora o projeto de drenagem elaborado pelo formando em Engenharia Sanitária e Ambiental Vitor Santos e Silva. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ele apresentou um projeto de intervenção nos pontos críticos de alagamento do bairro Jardim Cuiabá, na capital, para solucionar o problema de drenagem. Ele foi orientado pelo professor mestre Gonçalo Santana Baicere, que já contribuiu com o projeto de drenagem do Viaduto da UFMT, que também apresentava problemas de alagamento.

O TCC de Vitor foi entregue ao Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU) de Cuiabá, para que este o analise e, se possível e oportuno, coloque-o em prática. O ato simboliza a contribuição direta com a sociedade, para que o TCC não se torne apenas um documento de estudo, mas que melhore a vida da comunidade.

O projeto, ao mesmo tempo em que é técnico, é bastante simples. De forma resumida, além de toda a limpeza e manutenção do sistema de escoamento, Vitor propõe que sejam construídos três bueiros em cada lado da Avenida das Flores, em frente à farmácia Unimed, principal ponto de alagamento. Hoje, o local conta com grelhas para captação da água, mas não é o suficiente. A implantação de bocas de lobo daria mais agilidade ao processo, já que possui mais capacidade de escoamento.

Dali, a água seria encaminhada a um poço de visita, instalação a qual permite acesso à rede de escoamento, e de lá, para outro ponto, na Rua das Begônias, onde Vitor propõe a instalação de uma aduela, um grande bloco de concreto que servirá de “trilha” para o curso da água.

Essa aduela, segundo Vitor, tem capacidade para suportar mais de 4,5 mil litros de água por segundo. Toda essa água seria direcionada até a Rua das Violetas, próximo à área revitalizada pela Prefeitura, onde já existe um sistema de escoamento, e dali desembocaria no córrego Oito de Abril.

Para criar o projeto, Vitor fez uma estimativa da chuva mais intensa que deve cair na região nos próximos 10 anos, prazo recomendado pelo Dnit para este tipo de intervenção. É para esta chuva, que deve acontecer uma vez a cada década, que o sistema deve estar preparado.

Por fim, no projeto, o jovem alega que a região não solucionará os casos de alagamento apenas com manutenção e limpeza do sistema de esgoto. Segundo ele, é preciso que todo o sistema de escoamento seja readequado.

EXPANSÃO DA CIDADE ENTERROU O CÓRREGO

Para construir seu TCC, Vitor levou em consideração o Termo de Referência de Drenagem do Município de Cuiabá e o Manual da Drenagem do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ele também foi ao local verificar a situação do sistema de drenagem, composto por, entre outras coisas, bocas de lobo, ou bueiros.

Lá, ele constatou a falta de manutenção do sistema, bocas de lobo destruídas ou cujas entradas estavam bloqueadas com lixo, como folhas de árvores e carvão. Além disso, Vitor também verificou que o número desses bueiros instalados na região é insuficiente para uma drenagem eficaz.

“O estudo dos coeficientes de forma da microbacia revelaram que a mesma possui alta tendência a ter alagamentos, o que enfatiza o fato de se desenvolver um projeto de drenagem adequado à realidade da região, o que não foi encontrado em visita ao local”, cita em seu TCC.

Outro problema identificado por Vitor diz respeito às ligações clandestinas de esgoto no sistema de drenagem. Segundo ele, nem todas as casas da região são atendidas pela rede coletora de esgoto, sendo comum a implantação de fossas sépticas ou negras, essa última apontada por ser danosa ao meio ambiente, por não tratar o esgoto, contaminando as águas subterrâneas.

“As redes de drenagem não deveriam receber o esgoto, apenas a água da chuva. Lá, onde verifiquei, não possui rede de esgoto, então as casas e os empreendimentos deveriam possuir um sistema individual de tratamento, que seria a fossa séptica, no mínimo”, explicou.

ALAGAMENTO NATURAL

Segundo os estudos, o local tem uma propensão natural ao alagamento, isso porque, entre várias outras razões, na região passa o córrego Engole Cobra. Acontece que, com o crescimento urbano, esse córrego foi obstruído, sendo aterrado e tendo construções sobre ele.

Santos afirma em seu trabalho que o alagamento acontece justamente onde passaria o córrego, caso não tivesse sido aterrado. Isso porque, apesar do aterramento, a água da chuva continua a seguir o mesmo caminho.

Vitor também citou que o crescimento populacional e a migração do campo para a cidade nas últimas décadas, feitos de forma desorganizada, também contribuem para problemas como estes.

À reportagem, ele explicou que a presença da vegetação faz com que a água fique por mais tempo exposta ao sol, o que contribui para a evaporação. Sem a vegetação, essa água é absorvida pelo solo, mas ele tem um limite, o que o impede de absorver toda. O melhor caminho, segundo ele, é um sistema de escoamento próprio para o local.

PREFEITURA VAI ANALISAR O PROJETO

Nossa reportagem entrou em contato com o Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU) sobre a possível execução do projeto de Vitor Santos e Silva e quais as medidas que o órgão toma quando recebe este tipo de contribuição.

O IPDU explicou que o projeto será analisado e, caso for constatado se tratar de soluções técnicas de Engenharia Sanitária na questão de drenagem, envolvendo tubulação, técnicas de frear a água de chuva, será encaminhado à Secretaria de Obras para ela verificar como aproveitar o documento.

Agora, caso seja constatada alguma ideia interdisciplinar ou que envolve o planejamento urbano, será aproveitada pelo próprio IPDU.

A Secretaria de Obras, por sua vez, preferiu se posicionar por meio de nota. Em relação à demanda do Jardim Cuiabá, a Prefeitura de Cuiabá afirma que:

– Em março deste ano, finalizou o trabalho de canalização em mais de 500 metros do córrego Engole Cobra.

– Por meio desse trabalho, toda tubulação, que era de metal e estava sendo corroída pela água, foi substituída por aduelas de concreto com medidas de 2,5 x 2,5 (metros);

– No total foram, cerca de R$ 2 milhões investidos na obra que contou, ainda, com toda parte de recuperação de pavimentação e bocas de lobo.

Fonte: O Estado de Mato Grosso Foto: Reprodução

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