Por Rafael Medeiros
Foi foi por ‘água abaixo’ o sonho da tenente do Corpo de Bombeiros ,Izadora Ledur que, pela quarta vez, teve negado a promoção à capitã por meio do interstício [tempo mínimo que cada policial militar precisa cumprir para subir de patente, após uma série de avaliações].
Ledur não preencheu a análise de ‘conceito moral’, ainda que tenha sido aprovada nas etapas de saúde e condicionamento físico. Mas mesmo não alcançando a patente desejada pela quarta vez que Ledur, ela já adianta que deve buscar a promoção daqui a um tempo. A tenente é acusada de torturar vários alunos, inclusive matar o aluno Rodrigo Claro, 21 anos, no dia 15 de novembro de 2016 após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro de Mato Grosso.
“Depois de ser aprovada em duas etapas, Izadora Ledur não alcança o cargo de capitã por responder ao segundo processo por tortura”
“A comissão decidiu por unanimidade não incluir no quadro de acesso por antiguidade a 1ª tenente Izadora Ledur de Souza Dechamps por estar respondendo a processo penal por tortura [aluno Claro] e Conselho de Justificação, não preenchendo assim o requisito”, trecho do boletim do Corpo de Bombeiros.
Izadora Ledur não vai desistir e deve tentar o cargo nos próximos anos. O Bom da Notícia procurou a defesa da tenente que se recusou a falar sobre o caso.
No mês passado a tenente passou a responder a um novo inquérito policial militar, também por tortura. Desta vez o denunciante é o ex-aluno Maurício Santos, do 15º curso de Formação do Corpo de Bombeiros, em 2015.
Em entrevista ao O Bom da Notícia Maurício contou que sentiu dificuldades na travessia da lagoa, momento que foi abordado por Ledur que começou a xingá-lo e, em seguida, iniciaram as sessões de afogamento. Ele diz que chegou a desmaiar e teve que ser levado à policlínica. “Fui obrigado a deixar de ser bombeiro, para estar vivo aqui hoje. Caso contrário teria sido eu ao invés do Rodrigo. Meu sonho foi destruído pela tenente”, lamentou o jovem.
As crueldades que Maurício sofreu são semelhantes com as que foram impostas ao Rodrigo Claro. “O que aconteceu com o Rodrigo foi o mesmo que ocorreu comigo. A única diferença que com o Rodrigo ela [Ledur] realizou as torturas enquanto ele realizava a travessia; comigo a tenente fez parado no meio da Lagoa. Eu comecei a sentir câimbras durante a travessia e alguns colegas do pelotão foram me ajudando, logo mais recebi uma bóia. Quando estávamos no meio da lagoa Ledur mandou que todos me deixassem e me chamou. Eu sabia que alí seria o fim de tudo”, disse Maurício
A morte de Rodrigo
Rodrigo Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016 após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro de Mato Grosso.
Segundo denúncia do Ministério Público, a vítima foi submetida, por várias vezes a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Ledur, o que resultou na sua morte.
Ledur responde também processo criminal, por tortura, resultando em morte, na Justiça Militar. Na próxima semana, serão ouvidas as últimas testemunhas e está marcado também o depoimento da acusada. A tenente ficou mais de 700 dias de licença médica após a morte do aluno. Voltou recentemente para a corporação e tenta a promoção para capitã.
A bombeira voltou para a instituição em junho de 2018, como forma de evitar de ser aposentada por invalidez. Já que o estatuto dos militares é bem claro que se um militar permanecer afastado por mais de um ano contínuo, em licença para tratamento de saúde, será agregado .
Ledur entrou com atestados médicos [ao todo 13], sob a alegação de depressão, assim, revelando que estaria impossibilitada de voltar as atividades e, igualmente, de responder ao Conselho de Justificação do Corpo de Bombeiros. Seu primeiro atestado médico foi no dia 20 de dezembro de 2016.
Ela só será ouvida após depoimentos de todas as testemunhas.
Fonte: O Bom da Notícia