Por: Ana Adélia Jácomo
Mesmo diante de diversas denúncias, inclusive protocoladas no Ministério Público de Mato Grosso (MPE-MT), o Pronto Socorro de Cuiabá continua sendo alvo de reclamações por falta de insumos básicos para atendimentos aos pacientes.
Nesta quinta-feira (30), ‘Bom da Notícia’ esteve no local para conferir de perto a situação. A reportagem falou com diversos acompanhantes e profissionais que atuam no hospital, além de fotografar e filmar as condições precárias de higiene e atendimento. Sem querer se identificar, médicos e enfermeiros escreveram à mão um relato do que tem acontecido na unidade de saúde.
De acordo com eles, faltam álcool 70%, faixas, gases para curativos, luvas, algodão, esparadrapos e medicamentos como os anticoagulantes Clexane e Heparina, por exemplo. Estão em falta ainda o remédio para dor Hidrocortisona, de 100 e 500 ml, e até mesmo Soro Fisiológico.
O Bom da Notícia
“Sabemos que dinheiro tem, pois o material existe e está em algum lugar, pois a prefeitura insiste em dizer que não está deixando faltar (…) E aí, prefeito? Cadê os materiais que o senhor diz que não está deixando faltar”, questionam os trabalhadores do local.
No banheiro da Enfermaria 2, a reportagem constatou a condição de insalubridade do banheiro. No local, é possível ver larvas que estão saindo de uma das paredes por conta de uma infiltração.
Márcia Ferreira – acompanhante de uma paciente, chegou a fazer um apelo ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) -, ao relatar que o banheiro tem um cheiro insuportável de esgoto e o telhado está tomado pelo mofo.
“Coloque a mão na consciência, prefeito. Faltam materiais de uso diário básico, até algodão está faltando. Pelo amor de Deus. Os funcionários não têm nem como atender a gente. Já que o senhor não tem coração, tenha pelo menos consciência”, desabafou ela.
Cristina que está há quase 30 dias no hospital com sua avó, contou que estão aguardando há mais de 25 dias por um exame de colonoscopia. Ela aponta também para a falta crônica de material para curativos e medicamentos.
“Até na hora de dar banho não tem material. Sempre está em falta. Tem semana que vem um pouco, mas na outra não vem mais. Higiene é precária, sem qualquer fiscalização da limpeza”, disse ela.
Em tom de desabafo, várias profissionais falaram com a reportagem, mas não quiseram se identificar, afirmando que temem represálias, pois a maioria são profissionais contratados, sem concurso público.
“Hoje mesmo, dia 30/05/19, o pessoal está sem material para fazer os curativos e sem medicamentos de uso contínuo. O que o senhor [prefeito] nos aconselha a fazer?”, questionam eles na carta entregue ao site.
COTIDIANO DO CAOS
Uma onda de falta de medicamentos, materiais cirúrgicos, de limpeza e todo tipo de insumo tem sido divulgada por políticos, médicos e funcionários do hospital.
A senadora Selma Arruda (PSL) e os vereadores por Cuiabá Dilemário Alencar (Pros) e Abílio Junior (PSC) foram alguns dos que utilizaram as redes sociais e o MP para registrar o caos no hospital.
O prefeito lançou recentemente um disque-denúncia para evitar que pacientes se acumulem nos corredores do Pronto Socorro. Ele divulgou o número (65) 98459-3823 com o slogan “Lugar de paciente não é no corredor”.
O OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que, por meio de sua assessoria de imprensa, enviou nota oficial.
Confira na íntegra:
“Sobre as denúncias em relação à falta de medicamentos e insumos no Pronto Socorro, a Secretaria Municipal de Saúde informa:
– O Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá – CDMIC realiza entregas quase diariamente de medicamentos e insumos no Pronto Socorro Municipal;
-Tem acontecido faltas pontuais de alguns itens que deixaram de ser entregues pelo fornecedor, mas eles têm sido supridos de forma emergencial para não prejudicar os atendimentos;
– Nos dias 07 e 10 de junho chegarão ao CDMIC duas compras grandes de medicamentos e insumos que serão suficientes para abastecer a rede por pelo menos 90 dias; -Vale ressaltar que na última semana o Pronto Socorro recebeu um número muito grande de pacientes oriundos de outras cidades, o que pode ter contribuído para a falta de alguns insumos.”
Fonte: O Bom da Notícia
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