Proximidade de vacina sustenta alta do Ibovespa, enquanto temor fiscal traz risco

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Perspectiva de imunização em massa contra a covid-19 vem ganhando força e é uma das principais fontes de alta do Ibovespa nesta terça-feira, a 12ª elevação este mês. A expectativa de transição pacífica no governo dos Estados Unidos também permite a busca por risco. Enquanto isso, o mercado espera por sinais firmes sobre o fiscal no Brasil, à medida que há indícios fortes de que a equipe econômica estuda como pode estender o pagamento do auxílio caso se confirme o recrudescimento dos efeitos da pandemia no início de 2021.

“Claro que isso preocupa desajuste fiscal, mas o investidor está pegando carona na melhora externa e não olhando tanto para as contas públicas neste momento. É o famoso smart money. No entanto, da mesma forma que gringo entra na Bolsa, tende a sair à medida que avalie que o quadro está ficando cada vez mais deteriorado”, avalia Luiz Roberto Monteiro, da Renascença.

O temor de rompimento do teto de gastos é o que tanto incomoda o mercado no momento em que a inflação segue elevada. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA -15) superou o centro da meta de 4,00%, ao acumular 4,22% em 12 meses até novembro. No entanto, o dado mensal desacelerou a 0,81%, ante 0,94% em outubro, ficando maior do que mediana de 0,72%.

“Ficou um pouco acima do que o esperado, mas aceleração inflacionária já era esperada. Portanto, a preocupação permanece a mesma. A inflação está avançando, o Banco Central ainda acredita que não grandes problemas inflacionários no País, mas os mercados sobretudo dólar e juros estão precificando uma situação mais complicada do lado fiscal. E ainda tem essa dúvida se terá ou não extensão do auxílio emergencial”, avalia o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.

Contudo, o economista ainda acredita que o Ibovespa pode avançar Com vacinas e exterior positivo, a tendência é que tente ir em busca dos 110 mil pontos, estima Bandeira. Ontem, subiu 1,26%, aos 107.378,892 pontos. Hoje, chegou a superar os 108 mil pontos (108.025,92 pontos, na máxima), mas desacelerou para mais perto da mínima intraday de 107.360,58 pontos. Às 10h44, subia 0,21%, aos 107.606,22 pontos.

A vacina da Rússia apresentou eficácia acima de 95% após a segunda dose, de acordo com representantes do governo russo e do Instituto Gamaleya, fabricante do imunizante. Com apenas uma dose, a Sputnik V tem eficácia de 91,4%, após a vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, ter apresentado até 90%, com a vantagem de ter fácil capacidade de armazenagem.

Além do noticiário sobre vacina, o investidor vê com bons olhos o processo de transição do presidente eleito dos EUA, Joe Biden. O democrata planeja nomear a ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Janet Yellen para o cargo de secretária do Tesouro. A medida é bem vista no mercado, já que pode ajudar na aceleração da aprovação de um novo pacote fiscal no país. Além disso, o atual presidente, Donald Trump, disse disponibilizará recursos federais para a transição de Biden ao cargo.

As bolsas europeias sobem em torno de 1,00%, enquanto os índices futuros em Nova York avançam entre 0,30% e 1,00%. Já o petróleo tem valorização superior a 1,00% no mercado internacional, impulsionando Petrobras. As ações ainda reagem ao noticiário envolvendo a companhia. A Petrobras fará resgate antecipado de US$ 2 bilhões em títulos emitidos no exterior. A empresa ainda lançou o Programa Mais Valor, nova ferramenta de soluções financeiras para fornecedores. A expectativa da estatal é de que o volume de transações tem potencial de chegar a R$ 3 bilhões por mês.

Já Vale ON tinha alta de 0,04%, seguindo, de certa forma, a valorização moderada do minério de ferro negociado no porto chinês de Qindgao, que fechou em elevação de 0,14%, a US$ 127,42 a tonelada.

Os papéis do Carrefour subiam 0,10%, após queda de 5,35% no fechamento da véspera, o maior recuo do Ibovespa. O grupo anunciou a criação de um fundo para promover inclusão racial e combater o racismo, em um aporte inicial de R$ 25 milhões.

Ao mesmo tempo, um grupo de indústrias formado por BRF, Coca-Cola, Danone, General Mills, Heineken, Kelloggs, LOreal, Mars, Mondelez, Nestlé e Pepsico, anunciou um compromisso pela equidade racial, no qual se solidarizam com a morte de um homem negro em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS).

Por Maria Regina Silva
Estadão Conteúdo – São Paulo

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