Paralisar o VLT é crime doloso

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Se tem uma questão que envergonha Cuiabá-Várzea Grande é o anti-cartão postal das obras paralisadas do VLT. Completam 7 anos de abandono, descaso e incompetência. Parece que não existem responsáveis pelo ocorrido.

 

Para as pessoas responsáveis por tudo isso, aqueles que superfaturaram, os que foram coniventes e não fiscalizaram e aqueles que paralisaram a obra sem um plano de contingência, esses políticos e burocratas de plantão, de visão retrógrada, desconectados com a evolução da sociedade, esse tipo de dano é comum em nossas cidades. Por isso, pouco importa os irreparáveis prejuízos sofridos pelo erário.

 

Mas esses governantes se esquecem que o descaso de uma obra como essa, independente do motivo de sua paralisação, ocasionam um grande desprestígio ao Poder Público. Afinal, o que é administrar um Estado? Adiar a resolução dos grandes problemas é característica dos fracos. É sinônimo de mediocridade. Envolve o desperdício do dinheiro público e reforça a ideia de que o interesse público não está sendo atendido.

Adiar a resolução dos grandes problemas é característica dos fracos. É sinônimo de mediocridade. Envolve o desperdício do dinheiro público e reforça a ideia de que o interesse público não está sendo atendido

Em outras palavras, paralisar o VLT é crime doloso. Crime contra o Estado e contra a população. E a coletividade, que somos nós cuiabanos, temos a obrigação de cobrar das autoridades constituídas. Somos nós, que realizamos esse controle por meio de manifestações como estamos fazendo agora. Uns de forma mais branda, outros de forma mais efusiva, devemos nos manifestar e pressionar as instituições a agirem e a funcionarem.

 

Pasmem! O governador de Mato Grosso chegou a mencionar nos veículos de comunicação que poderia mudar o modal de trilhos para rodas de ônibus, indo na contramão das cidades sustentáveis. Ora governador, colocar um Br-turbo é congestionar mais o trânsito (esse tipo de ónibus só pode transportar até 60 pessoas) e poluir mais o meio ambiente. A causa disso, é o stress e demora para chegar ao trabalho e na escola. O dióxido de carbono emitido por esses veículos é o ar que respiramos, que causam asma, bronquite e câncer de pulmão. É uma morte silenciosa que enche os hospitais. Por outro lado, o VLT pode puxar várias composições com até 600 passageiros (alternando o tamanho em função do fluxo) diminui a poluição sonora, é pontual (com poucas paradas o trem trafega mais facilmente), integra com outros meios de transporte, traz conforto interno e possui baixa ou nenhuma emissão de CO2 e poluentes.

 

Como seria salutar para as duas maiores cidades do Estado serem atendidas, inicialmente, por mais de 22 quilômetros de trilhos, circulando com 40 composições para abrigar milhares de passageiros, sentados, exibindo segurança, conforto, rapidez e sustentabilidade. Uma verdadeira revolução no sistema de transporte cuiabano.

 

A cidadania não acredita que as instituições existentes, como o Ministério Público, a Polícia Judiciária e os órgãos de controle, não tem capacidade técnica e operacional para investigar e punir aqueles que tenham provocado dano e desviado recursos. Não acreditamos também, que falte capacidade aos governantes para criarem as condições justas para tocar a obra e terminar o que precisa ser feito.

 

Manter a obra paralisada é sinal de incompetência e descaso. Será que nossos governantes querem isso em seu currículo?

 

A sociedade civil de Mato Grosso precisa se organizar e cobrar uma solução. Uma verdadeira solução, sem arremedos e puxadinhos. O transporte público e o direito à mobilidade são elementos fundamentais do desenvolvimento urbano. Todo mundo ganha com um transporte de qualidade.

 

VICENTE VUOLO é economista e cientista político.

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