Há 20 dias, incêndio consome vegetação, ninhos de aves, jacarés e mamíferos, que não conseguem fugir das chamas
Por Joanice de Deus| As queimadas têm provocado enorme impacto ambiental no Pantanal, em Mato Grosso.
Há pelo menos 20 dias, o fogo tem consumido a vegetação e também ninhos de aves, abelhas, jacarés e mamíferos, que não conseguem fugir das chamas.
Mas, desde do surgimento dos primeiros focos de incêndio na região de Poconé (100 km ao Sul de Cuiabá), as equipes do Batalhão de Proteção Ambiental da Polícia Militar têm atuado arduamente na missão de salvar e resgatar os animais silvestres afetados.
De 20 de julho até o momento, o BPMPA já resgatou 108 bichos silvestres. Período que coincide com o de queimadas.
Três animais de diferentes espécies foram resgatados, sendo uma onça pintada, um cervídeo (veado mateiro) e uma anta.
Todos sofreram queimaduras graves depois que seu habitat natural foi tomado pelos incêndios. Mas, apenas a onça pintada sobreviveu.
A onça pintada fêmea foi batizada de Amanaci após ser resgatada, o animal ficou internado no Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres (Cempas) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Depois, foi transferida para o Estado de Goiás, na sexta-feira (21), onde recebe tratamento com células-tronco, já que o felino sofreu queimaduras de terceiro grau nas patas e inalou muita fumaça do incêndio.
Desde do seu resgate, a onça não conseguia se alimentar, agora após se recuperar da viagem até Goiás, o felino começou a comer e seu quadro de saúde vem apresentando sinais de melhora. Já o cervídeo e a anta não resistiram às queimaduras graves e morreram após serem resgatados.
Os policiais, durante as buscas, encontraram o cervídeo em uma margem de curso d’água; um local de difícil acesso.
O animal foi encontrado em situação grave, em razão das queimaduras, inclusive o cervídeo já havia perdido todas suas falanges; ossos que fazem parte das patas traseira e dianteira do animal.
A subtenente Eliana Campos contou que o animal estava deitado embaixo de um arbusto, os veterinários injetaram um medicamento no animal como medidas de primeiros socorros, emocionada, a policial não consegue descrever o que sentiu ao ouvir o animal gemendo de dor e assustado.
“Tentamos acalmá-lo porque ele perdeu todas as falanges das patas. Depois de várias tentativas conseguimos anestesiá-lo, de forma parcial, porque totalmente não conseguimos imobilizá-lo devido o sofrimento. Fiquei impactada com o sofrimento do bicho gemendo de dor. Conseguimos dar os primeiros atendimentos, fizemos curativos nas queimaduras nas orelhas, em parte do corpo, nas patas”, comentou, por meio da assessoria de imprensa.
Porém, ela explicou que os veterinários informaram que não havia mais o que fazer, o animal sofria demais.
‘Então, os veterinários decidiram fazer a eutanásia do cervídeo. É muito triste se deparar com isso, tantos animais que estão sofrendo com essas queimadas. Os animais não conseguiram escapar do fogo. Tentamos salvá-los, mas alguns casos são irreversíveis”, completou.
As ações dos policiais militares ambientais vão desde a busca para salvar os animais, seja através por meio de resgate, captura, como também fazer a destinação para hospitais veterinários e até a reintrodução à natureza.
Animais de espécies menores como jacarés, tartarugas, araras e outras aves estão sendo resgatados e recebendo cuidados médicos na sede do Batalhão Ambiental da PM e de outras instituições parceiras.
Comovidos, as equipes de policiais que estão atuando na Transpantaneira relatam um sentimento de tristeza e até mesmo de impotência em alguns casos, pois esse grande incêndio no Pantanal está deixando marcas de destruição na floresta, no solo, na água, no ar e principalmente sequelas graves nos animais pantaneiros.
Fonte: Diário de Cuiabá