O ex-secretário Pedro Nadaf, que foi chefe da Casa Civil no governo Silval Barbosa, afirmou que chegou a indicar a empresa Avançar Tecnologia em Software para o empresário Alan Malouf saldar dívidas da campanha do ex-govenador Pedro Taques em 2014. O fato teria ocorrido em 2015.
A informação consta no acordo delação premiada do ex-secretário à Procuradoria-Geral da República (PGR), homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017.
A empresa Avançar foi alvo da Operação Quadro Negro, deflagrada nesta terça-feira (22) pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) para apurar contratos fraudulentos para as instalações de softwares em computadores de escolas do Estado.
Nadaf relatou, em seu depoimento, que era muito amigo de Alan Malouf e, em fevereiro de 2015, este o questionou se ele conhecia algum empresário que tinha contrato ou que recebia benefícios fiscais do Governo do Estado.
O ex-secretário conta que então lembrou-se da empresa, que já havia prestado serviços relativos ao fornecimento de softwares educacional para o Estado em 2014, ainda na gestão Silval Barbosa. Estes contratos estão no centro da Operação Quadro Negro.
Em uma das reuniões que tive com meu amigo Alan Malouf, na qual analisaram as possibilidades existentes de se buscar meios para saldar os débitos da campanha eleitoral de 2014, através de recebimento de propinas, eu sugeri a empresa
“Assim, por volta de fevereiro do ano de 2015, em uma das reuniões que tive com meu amigo Alan Malouf, na qual analisaram as possibilidades existentes de se buscar meios para saldar os débitos da campanha eleitoral de 2014, através de recebimento de propinas, eu sugeri uma empresa que havia prestado serviços na Secretaria de Estado de Educação, pois era do meu conhecimento que a empresa tinha recursos a receber do Estado, provenientes de serviços prestados no ano de 2014, a saber, a empresa Avançar Tecnologia em Software Ltda”, disse Nadaf.
De acordo com ex-chefe da Casa Civil, o objetivo seria arrecadar dinheiro para saldar débitos da campanha eleitoral do então governador Pedro Taques, em 2014.
“Eis que Alan Malouf havia sido o principal empresário, financiador/coordenador financeiro da campanha política do governador Pedro Taques e precisava obter o retorno do dinheiro investido”.
O ex-secretário contou que não sabia do montante que a Avançar tinha a receber do Estado. No entanto, revelou que tinha conhecimento que a empresa já havia feito parte de um esquema de pagamento de propina no governo Silval Barbosa.
“Um dos pagamentos dessas propinas foi efetuado a mim [Pedro Nadaf] diretamente pelo proprietário da empresa ‘Weydson de Tal’, em meu gabinete da Casa Civil”, consta no depoimento. A pessoa citada é Weydson Soares Fonteles, um dos donos da Avançar e que chegou a ser peso na operação.
No acordo de delação, Nadaf não soube dizer se as negociações entre Alan e a Avançar foram adiante.
“Posteriormente, eu perguntei a Alan Malouf sobre como tinha sido a reunião, tendo ele dito que estava com as informações passadas pelo empresário e que iria se inteirar da situação acerca do pagamento devido pelo governo e que depois iria voltar a se reunir com Weydson de Tal, a fim de lhe repassar uma posição”.
Ilegalidades
A empresa teve contrato suspenso com o Estado, no início de 2015, por suspeita de fraude. Os contratos e os serviços foram alvos de uma auditória por parte da CGE que constatou que parte dos serviços contratados pela empresa não foram prestados às escolas do Estado.
Dentre as ilegalidades, foi constato que os programas de computados fornecidos eram desatualizado e em muitos casos não tinha nenhuma relação com os planos de ensino de Mato Grosso.
Entre as aulas interativas, havia até mesmo temas relacionados à história e economia de cidades do interior de São Paulo, como Tatuí e Cotia.
Os dois contratos junto ao Governo totalizaram o pagamento, em valores atualizados, em R$ 10 milhões. No entanto, ficaram restos a pagar em R$ 2 milhões.
Veja fac-símile:
Operação Quadro Negro
A auditoria feita pela CGE embasou a Operação Quadro Negro. O esquema foi investigado pela Deccor, e resultando em um prejuízo de R$ 10 milhões aos cofres públicos em valores atualizados.
Além de Piran, e p empresário Weydson, foram presos o ex-presidente do Cepromat, Wilson Celso Teixeira, o ‘Dentinho’, o ex-diretor de gestão e tecnologia do órgão, Djalma Souza Soares; o fiscal de contrato Edevamilton de Lima Oliveira e o ex-secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Francisvaldo Pereira de Assunção.
As investigações aponta que Piran seria o idealizador, líder e principal beneficiário do esquema. Ele teria apresentado o empresário Weydson Soares Fonteles, proprietário da Avançar Tecnologia Ltda, para o ex-governador Silval Barbosa à fim de dar início ao esquema para o pagamento de dívida de Silval.
Fonte/Foto: Midia News