Movimentos de Otaviano Pivetta

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POR: VINICIUS DE CARVALHO |

É sempre importante observar o comportamento político de Otaviano Pivetta. Ele desistiu de ser candidato a Senador e seu apoio ficou indefinido. O seu partido (PDT) está apoiando Euclides Ribeiro (Avante), com negociação conduzida pelo presidente estadual Allan Kardec. Houve denúncias de irregularidades nessa condução, nas quais não quero me aprofundar aqui. Pivetta se licenciou do cargo de Vice-governador do Estado por 30 dias.

Ele tem manifestado desconforto no Governo Mauro Mendes e não gostou do apoio do Governador ao candidato do PSD Carlos Favaro. Pivetta é aliado de Mendes há mais de uma década e esperava reciprocidade nesse momento. Outro agravante é que Favaro é domiciliado no mesmo município de Pivetta (Lucas do Rio Verde). E são rivais na política local. Algo que está extravasando para o nível estadual já há um certo tempo. Pivetta tem perfil diferente da maioria dos políticos oportunistas que aderem aos Governos depois de eleitos. Ele costuma fazer o caminho contrário. Apoia na eleição e se afasta depois. Foi assim com Blairo Maggi, Pedro Taques e agora aparenta estar trilhando o mesmo caminho com Mauro Mendes.

Se o apoio a Nilson Leitão se confirmar Pivetta dá um passo para ficar distante de Mauro. O candidato do PSDB é apoiado pela família Campos, com Júlio Campos na primeira suplência e Jayme Campos na coordenação geral. Sua candidatura é formada por dissidências da base aliada de Mauro Mendes. Nilson Leitão é visto como candidato nato a Governador em 2022 em caso de vitória nessa eleição. Além de deixar Júlio Campos no Senado em seu lugar, ainda fez uma aliança com Wellington Fagundes. Seria uma chapa forte sem dúvida, em particular se conseguisse atrair Emanuel Pinheiro, Janaina Riva e o próprio Pivetta.

Tudo sinaliza, portanto, para um afastamento de Pivetta do Governo Mauro Mendes. Isso poderia ser levado também para o PDT, que tem uma postura mais independente na Assembleia Legislativa e pode caminhar para uma linha oposicionista. De qualquer modo, Pivetta será uma peça fundamental no desenho das próximas eleições. Seja pelo capital que investe nas candidaturas ou pelo perfil de articulação que já demonstrou ter.

Perguntei sobre isso ao próprio Senador Carlos Favaro em entrevista recente pela internet e ele disse que o fato da base aliada de Mauro Mendes ter dois candidatos é um sinal de sua força. Mas sabemos como estas situações costumam terminar. Chega um momento em que se torna difícil acomodar todos os aliados no mesmo espaço, porque faltam vagas e, muitas vezes, capacidade de articulação. Há uma regra informal na política que nela há lugar para todos, desde que se saiba compor e esperar. É que nem todos estão dispostos a participar.

Uma composição para 2022 fica difícil porque Mauro Mendes é candidato nato a reeleição. Pode até desistir, como fez na Prefeitura de Cuiabá em 2016. Mas a tendência forte é que concorra. O nome também forte para Senador na eleição de uma vaga só é o do ex-ministro Blairo Maggi. Essa fragmentação de lideranças que está ocorrendo na atual eleição suplementar para o senado acaba favorecendo Blairo. Teremos um senador eleito com uma quantidade baixa de votos, em virtude das 11 candidaturas e do elevado volume de voto ABN (abstenção, branco e nulo). Deste modo, não desponta nenhuma outra liderança com a capacidade de aglutinação de Blairo.

Mesmo no cenário de uma eventual desistência de Mauro Mendes para disputar a reeleição e recuo para Pivetta, sua chapa com Blairo ficaria difícil. Seriam dois nomes associados ao interior do Estado e ao setor do agronegócio.

Acompanhemos.

Vinicius de Carvalho é gestor governamental, analista político e professor universitário.

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