A alta no número de assassinatos durante o motim de policiais militares no Ceará revela uma explosão no uso de armas de fogo no total de homicídios. Das 197 mortes violentas registradas nos sete primeiros dias de motim (de 19 a 25 de fevereiro), 191 foram causadas por armas de fogo, ou 97% do total — índice superior à histórica dos CVLI (Crimes Violentos Letais Intencionais) no estado, que nos dois últimos anos teve média anual de 78%.
Os dados foram obtidos pelo UOL em pesquisa no relatório nominal de vítimas de mortes violentas disponibilizado pela SSPDS (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social) do Ceará. A partir do dia 26, não há mais divulgação dos dados pela SSPDS. A média de mortes violentas mais que triplicaram em comparação a janeiro, quando foram 261 assassinatos durante os 31 dias —o que dá uma média de 8,4 assassinatos por dia. Nos dias de motim, essa média saltou para 28,1.
Dos 197 homicídios, 185 vitimaram pessoas do sexo masculino. Ainda segundo os dados, 50 cidades do interior do Ceará registraram homicídios entre os sete primeiros dias do motim dos policiais. Ao todo, o interior registrou 129 das mortes violentas, enquanto 68 foram em Fortaleza. Dentre o total de mortos, 18 eram adolescentes. Um bebê também foi assassinado em casa, ao lado do pai, enquanto dormia na madrugada do último sábado (22), em Beberibe, no litoral cearense.
Por Carlos Madeiro