A juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, confirmou nesta segunda-feira (26), em depoimento à 11ª Vara da Justiça Militar, que houve a prática de ‘barriga de aluguel’ na operação Forti, que apurava a prática de crimes por suspeitos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho de Mato Grosso.
A ‘barriga de aluguel’ consiste na inserção de telefones de pessoas que não são alvos de investigações policiais, de forma disfarçada, em pedido de quebra de sigilo telefônico feito à Justiça. Essa tática teria sido usada por policiais militares para espionar médicos, advogados, políticos de oposição ao atual governo e jornalistas durante os anos de 2014 e 2015.
Selma prestou depoimento por ter sido a responsável por autorizar dois pedidos de interceptações. De acordo com a magistrada, os telefones de Tatiana Sangalli Padilha, ex-amante do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques, e de Caroline Mariano – ex-assessora da Casa Civil e amiga de Tatiana -, foram grampeados em duas operações distintas da Polícia Civil.
Em uma das operações, denomidada ‘Querubim’ – que apurava um suposto plano de ataque ao governador Pedro Taques (PSDB) – a magistrada afirma que os nomes e os dados de Tatiana e Caroline foram efetivamente revelados pela autoridade policial, não caracterizando, assim, a ‘barriga de aluguel’.
Na operação ‘Forti’, porém, os telefones das duas mulheres teriam sido incluídos indevidamente no pedido de interceptações telefônicas sob os apelidos de ‘Dama Loira’ e ‘Amiguinha’. A operação apurava a prática de crime por suspeitos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho de Mato Grosso.
A juíza alega que não teria como saber que os números relacionados no pedido feito à Justiça não pertenciam a quem a polícia alegava ser e que os pedidos encaminhados a ela nas duas operações foram assinados por delegados, razão pela qual não questionou os dados que ali foram inseridos.
Crédito: G1