Eleita em 2014, com 25 anos, para o primeiro mandato como deputada estadual, Janaína Riva obteve a expressiva votação de 41.171 votos numa primeira disputa sem antecedentes em disputas anteriores. Mato Grosso experimentava mais uma forte transição governamental com a saída tumultuada de Silval Barbosa e a eleição inesperada de Pedro Taques. Naquele momento o ambiente político era uma mistura de sentimentos de indignação com o governo que terminava e um absurdo de esperanças no governo Taques que se iniciava.
Nesse ambiente Janaina assumiu o seu primeiro mandato. Sem experiência política em mandatos, precisava encontrar um espaço dentro do emaranhado de partidos e de posições contraditórias que a cada dia marcavam o governo Pedro Taques. A jovem deputada vinha de um ambiente familiar profundamente político. Seu pai, o ex-deputado estadual José Riva, tinha posições de sucessivos comandos na política de Mato Grosso desde a sua eleição em 1994, pelo antigo PNM. Já no primeiro mandato elegeu-se 1º.Secretário da Assembléia Legislativa e seguiu uma trajetória de mandatos entre presidente e 1º. Secretário até 2014. O seu protagonismo na política estadual marcou uma era. Tinha enorme capacidade de articulação, de aglutinar e de cumprir compromissos aos apoios costurados. De certo modo, governou juntamente com os governadores Dante de Oliveira, Blairo Maggi e Silval Barbosa garantindo a base de apoio parlamentar e político na maioria dos momentos controversos desses governadores.
Em 2018 Janaína assumiu o mandato com essa carga de convivência política, mas sem a experiência parlamentar. A Assembléia Legislativa sofrera uma grande renovação e havia muitos deputados novos em busca de um espaço no protagonismo parlamentar. A oportunidade surgiu em 2017 durante a primeira grande crise do governo Pedro Taques. Com uma demanda por direitos e salários, o Fórum Sindical dos servidores públicos estaduais pressionou o governo pela concessão da RGA-Revisão Geral Acumulada de salários. Em longa greve os servidores deixaram o governador sem ação.
Pouco experiente na política, Pedro Taques radicalizou do modo errado e na hora errada. Nesse espaço aberto entre o governador e o movimento sindical, Janaína percebeu o seu espaço. Tomou posições fortes e construiu uma interlocução confiável com os servidores na sua defesa frente ao governador. O movimento grevista e sindical cresceu muito e todos os sindicatos ligados ao serviço público estadual se fortaleceram numa entidade chamada Fórum Sindical. Contra o fórum o governador perdia dia após dia a capacidade de negociar. Janaína de certo modo representou o canal mais confiável na articulação políticas com a Assembléia Legislativa.
O canal da sorte estava aberto para ela. O governador Pedro Taques direcionou os canhões do Palácio Paiaguás contra a jovem deputada. Nesse ponto valeu a convivência com o pai deputado Riva. Não se intimidou e acabou se tornando o alvo preferencial do governador Pedro Taques. Soube aproveitar muito bem e manteve a discussão em nível político e sindical. Ao fim do movimento o Fórum Sindical obteve todos os ganhos reivindicados. A deputada Janaína saiu fortalecida e construiu o seu espaço parlamentar. Tanto em relação ao funcionalismo público estadual, quanto dentro e fora da Assembléia Legislativa junto à opinião pública.
Já em segunda eleição, em 2018, trabalhou com personalidade política própria e o respeito acentuado dentro do Parlamento. Já era percebida como uma forte liderança política que trazia a herança de votos do interior da eleição anterior, e agregara forte votação na capital. Alcançou 51.546 votos na eleição de 2018. Derrotado o governador Pedro Taques, a entrada de Mauro Mendes exigia a reconstrução do discurso político para essa nova era. Já filiada ao MDB, tinha horizontes mais largos do que os do PSD onde se elegeu primeiro. De novo recomeçava a construção de espaço partidário e um olhar para todo o Estado, na medida em que o PMDB é muito mais capilarizado.
A relação com o governador Mauro Mendes além de mais madura, volta-se para temas mais conceituais do interesse mais amplo do Estado de Mato Grosso. O canal de respeito garante-lhe o trânsito necessário junto ao governo, sem submissão ou oposição. No âmbito interno da Assembléia Legislativa esteve na disputa para a Mesa Diretora de maneira sóbria e flexível. Não forçou posições e acatou descer de vice-presidente da mesa diretora anterior,para o cargo atual de 2a.Secretária da atual mesa diretora da ALMT.
Concretamente, suas novas posições, aos 32 anos, mostram a deputada amadurecida. Casada com o empresário Diógenes Fagundes, mãe de três filhos, compreende que os espaços políticos novos que a aguardam nos próximos anos realmente requerem esse posicionamento amadurecido e de composições com os interesses estratégicos da política. Tornou-se estratégica e articuladora de uma política nova, diferente dos estilos radicalizados e genéricos.
E, para concluir, é preciso perceber que a forma de se praticar a política está mudando muito rápida e de maneira irreversível. Dentro desse novo perfil de políticos, Janaína Riva leva grande vantagem tanto pelo seu berço de convivência política, quanto pelo amadurecimento e a sua capacidade de perceber as brechas de que se abrem para a sua carreira. Futuro admirável, certamente!
JPM – João Pedro Marques é advogado e jornalista em Mato Grosso e Brasília
Precisamos de mais mulheres guerreiras com o perfil da deputada Janaína Riva. Ainda hoje as mulheres Aída sofre preconceito e pouca chance são ofertados. Não é deve ser fácil uma única mulher no parlamento, que o trabalho dela possa influenciar as outras mulheres a ingressar no parlamento. Se uma tiver posição de ir firme no propósito deve ser a futura governadora de MT.