AZEDOU
Os ânimos andam exaltados no Palácio do Planalto. Outro dia o ministro da Economia, Paulo Guedes, ameaçou deixar o governo por conta das interferências de quem ele nominou como “conselheiros do presidente”. Agora, parece-me que o próprio presidente Jair Bolsonaro quer a cabeça do ministro. Guedes entrou em processo de fritura e tem até amanhã para apresentar uma nova proposta do Renda Brasil. Bolsonaro não gostou da proposta de Guedes de acabar com programas sociais para criar o Renda Brasil, substituto do Bolsa Família.
CORDA NO PESCOÇO
É lógico que o presidente Jair Bolsonaro não quer arcar com o ônus político de tirar benefícios já concedidos à população mais carente para bancar o Renda Brasil. Resta saber, agora, de onde virão os recursos. Uma das propostas de Paulo Guedes é dar fim às deduções do Imposto de Renda Pessoa Física. Guedes também vem sugerindo a extinção de programas sociais que considera ineficientes, como o seguro-defeso pago no período de reprodução dos peixes e o Farmácia Popular.
PRESSÃO MÁXIMA
Se depender das pressões vindas do Palácio da Alvorada, o ministro da Economia Paulo Guedes terá mesmo que pegar o boné e dar no pé, como ele mesmo insinuou há alguns dias. Os três filhos do presidente Jair Bolsonaro, Flávio, Carlos e Eduardo, continuam insistindo que Guedes não pode ser empecilho para os planos do pai de garantir mais quatro anos de mandato. Se a nova proposta do Renda Brasil que será concluída por Guedes nesta sexta-feira (28) não agradar, o clã Bolsonaro vai arrochar a válvula da pressão, certamente.
EFEITO CASCATA
O impasse entre Bolsonaro e Guedes já refletiu no mercado financeiro. Ontem foi mais um dia de forte oscilação e pesou também a apreensão em relação ao aumento do déficit fiscal do governo. A expectativa é quando ao custo do dólar, que perdeu o controle nos últimos dois dias. Com tanta pressão, o balcão de apostas já faz lances sobre os possíveis nomes de futuros ministros da Economia. Continua no topo o do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
CABEÇA NO OMBRO
Por enquanto, o único que passou a mão na cabeça do ministro Paulo Guedes e o defendeu publicamente foi o vice-presidente Hamilton Mourão. Ontem Mourão defendeu a permanência do “Posto Ipiranga” e disse que o titular da equipe econômica tem a “resiliência necessária”. O general também afirmou que o mercado é como gado, um “rebanho eletrônico”. A declaração foi dada a um grupo de jornalistas na saída do Planalto.
NOTÍCIA BOA
Um estudo divulgado pelo IBGE encheu os olhos do presidente Jair Bolsonaro. O estudo aponta que o auxílio emergencial de R$ 600 dado pelo governo para ajudar as famílias mais carentes durante a pandemia da covid-19 tirou 13,1 milhões de pessoas da pobreza até julho de 2020. Um detalhe que torna ainda mais insuspeito o dado é que a pesquisa foi coordenada pelo ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Dilma Rousseff, o economista Marcelo Néri, alguém que não teria qualquer inclinação de inflar os feitos do atual governo.
PLACAR EMPATADO
O afastamento do decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, que se recupera de uma nova cirurgia, tem contribuído para que julgamentos importantes da Segunda Turma – com impacto direto sobre o ex-ministro Sérgio Moro e os rumos da Operação Lava Jato – terminem empatados. Levantamento feito em sessões do colegiado neste ano aponta que, em ao menos sete julgamentos realizados sem a presença do decano, o placar foi de 2 a 2, aplicando assim o princípio jurídico de que, em casos de empate, os réus devem ser beneficiados.