Por Irajá Lacerda*| A crise de saúde pública que se abateu sobre o planeta devido ao novo coronavírus trouxe perdas devastadoras para a humanidade. Alguns países que não foram tão afetados pela pandemia conseguirão superar os problemas econômicos e sociais em menor tempo, entretanto, países como o Brasil, terão muitos desafios pela frente. Entre os principais está o mundo do trabalho, um dos mais afetados nesse período.
De um dia para o outro, milhões de trabalhadores se viram sem renda devido às restrições de isolamento e distanciamento social impostas para reduzir o contágio da doença. Um relatório da Organização Mundial do Trabalho revelou que durante o segundo trimestre deste ano, a América Latina foi a área mais atingida, com a perda de 47 milhões de postos de trabalho em tempo integral.
No Brasil, o desemprego já estava alto no primeiro trimestre deste ano, e a pandemia intensificou esse problema. A edição semanal da PNAD Covid-19 do IBGE revelou que pelo menos três milhões de pessoas ficaram sem trabalho devido à pandemia. A taxa de desocupação chegou a 13,7% na quarta semana de julho, atingindo 12,9 milhões de pessoas.
No mês de maio, uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) já mostrava que 77% dos brasileiros estavam com medo de perder o emprego como resultado da retração da economia. O estudo também indicou que 40% dos brasileiros tiveram perdas na renda desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Esses dados evidenciam que nunca, em tão pouco tempo, houve um impacto tão intenso no emprego dos trabalhadores. E quem não foi impactado pela perda do trabalho, pode ter feito parte da estatística dos que tiveram sua renda reduzida. A renda média dos mato-grossenses, por exemplo, ficou 8% menor no mês de julho, conforme levantamento do IBGE.
E todo esse cenário remete à realidade vivenciada pelas empresas. Desde o início da pandemia, 716 mil empresas fecharam as portas, segundo a pesquisa Pulso Empresa (IBGE), publicada em julho. Do total de negócios fechados temporário ou definitivamente, quatro em cada 10, ou seja, 522 mil, afirmaram que a situação ocorreu devido à pandemia.
Com o fechamento de milhares de empresas, o Brasil reduz a sua capacidade produtiva. Os reflexos da pandemia acabam empurrando a economia para uma forte recessão e a intensidade desse agravamento dependerá da efetividade das medidas emergenciais adotadas pelos governos.
*Irajá Lacerda é advogado, presidiu a Comissão de Direito Agrário da OAB-MT e a Câmara Setorial Temática de Regularização Fundiária da AL-MT. E-mail: irajá.lacerda@irajalacerdaadvogados.com.br