Uma adolescente da Noruega iniciou um movimento de protesto no ano passado faltando às aulas nas sextas-feiras para dedicar-se a alertar o mundo sobre a crise climática.
No último dia 15, passados menos de oito meses do início da ação de protesto, mais de um milhão de estudantes em 300 cidades, entre elas São Paulo, aderiram ao tema matando as aulas de sexta em sinal de apoio à iniciativa da jovem que se chama Greta Thumberg.
O rápido apoio dos adolescentes do mundo ao protesto não traz surpresas, pois jovens estão sempre disposto a abraçar manifestações públicas, principalmente quando o ato é feito durante o período de aula. Eu mesmo, e talvez você leitor se foi tão mau aluno como eu, trocaria alegremente aulas de física ou matemática pela manifestação de qualquer ideia, mesmo que fosse a preservação das lagartixas do cerrado.
Mas alguns alunos que estudam por prazer, se procurarem a origem das ideias da Greta descobrirão que a garota foi diagnosticada com Asperger – síndrome dentro do espectro autista – e que teve uma severa depressão, provocada segunda ela, por uma aula de ciências que mostrava a situação do clima mundial. O “trauma” tirou-lhe o apetite por vários anos e a transformou em militante das causas ecológicas.
O rápido apoio dos adolescentes do mundo ao protesto não traz surpresas, pois jovens estão sempre disposto a abraçar manifestações públicas, principalmente quando o ato é feito durante o período de aula
Por conta da síndrome ela convenceu-se de que não precisava estudar, pois pelo andar da carruagem não haveria futuro. Nascia então o movimento Fridays for Future (sextas feiras pelo futuro).
Alguns dias antes dessa greve de março houve um encontro em Colón na Argentina de pessoas que defendem e divulgam a crença que terra é plana, contrariando todas as provas conhecidas há séculos da esfericidade do globo terrestre.
Diferente do caso da adolescente que está sendo seguida por milhares de jovens, no mundo inteiro, o movimento bizarro que nega o formato comprovado da terra, é compartilhado por adultos.
Essas fantasias esquisitas prosperam rapidamente graças à internet e à necessidade de algumas pessoas conviverem em tribos onde se sintam acolhidas e também com espaços para liberarem seus devaneios.
Como os terraplanistas veem uma conspiração generalizada de instituições, universidades, governos e toda a ciência do mundo contra eles nenhum argumento científico de comprovação do formato da terra os convence.
Creio que o primeiro caso – o da adolescente norueguesa que procura atingir estudantes jovens – tem muito potencial de conseguir seguidores porque a disposição entre eles de matar aula é grande. Fica mais fácil ainda porque professores de diversos países estão facilitando os encontros não marcando falta dos alunos que vão aos protestos. Além disso, são estimulados por grupos políticos de esquerda que estão propondo o nome da garota Greta para o Prêmio Nobel da Paz deste ano.
É fácil aceitar que adolescentes inventem uma historinha inverossímil para matar aula. Agora, os adultos que aplaudem esta iniciativa são tão ingênuos quanto os que afirmam que a terra é plana, ou querem tirar vantagem política da insensatez.
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.