Chantagistas eméritos
O clima entre a Procuradoria-Geral da República e os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato continua tenso. Se não bastasse, a situação tem provocado controvérsias e opiniões que jogam lenha na fogueira. Ontem, ao participar de uma live promovida pelo Grupo Prerrogativas, o ministro Gilmar Mendes, do STF, defendeu a decisão do presidente da Corte, Dias Toffoli, que determinou o compartilhamento dos dados das forças-tarefa da Lava-Jato, inclusive a de Curitiba, com a PGR. Sem citar nomes, o ministro criticou os procuradores que resistem à medida, chamando-os de chantagistas eméritos. A discussão promete novos rounds.
PGR dividida
Há menos de um ano no cargo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, enfrenta uma das maiores crises que se abateu no Ministério Público Federal. A decisão de enviar ao MPF no Paraná uma procuradora para coletar dados da Lava-Jato foi o estopim para uma revolta nos estados e na sede da PGR, em Brasília. Para esquentar ainda mais os ânimos, está em andamento uma petição que pede a demissão do secretário-geral do MPF, Eitel Santiago. Segundo os procuradores contrários a Aras, Santiago tem um discurso claramente de apoio ao governo. Pelo visto, está longe de aparecer um conciliador para apaziguar essa pendenga.
Puxão de orelha
Fiel ao seu estilo linha dura, o procurador-geral Augusto Aras elaborou uma série de propostas para dar mais transparência ao recursos federais destinados ao combate à covid-19 e as enviou diretamente ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Aras recomendou a Guedes 30 dias para informar se vai acatar as recomendações ou apresentar justificativa para não implementar as medidas. A Procuradoria observou que a flexibilização do regime fiscal, financeiro e de contratações adotado durante o período de calamidade pública não dispensa o governo federal de adotar políticas que garantam transparência no combate à pandemia.
Lenha na fogueira
O presidente Jair Bolsonaro começou a semana como a figura pública mais comentada pelas redes sociais. A novidade é um vídeo atribuído ao jornalista Guilherme Fiuza que foi compartilhado na tarde desta segunda-feira (13) por Bolsonaro. O texto lido por um narrador, acompanhado por imagens, critica campanhas a favor do uso da máscara durante a pandemia de coronavírus e do isolamento social. O narrador faz uma comparação do incentivo ao uso da máscara ao talibã, movimento fundamentalista islâmico conhecido por práticas extremistas. Também minimiza o gesto do presidente de ter tirado a máscara quando anunciou que havia testado positivo para Covid-19.
Brasileiro médio
Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, no país há um brasileiro que não tem medo e não se assusta facilmente. É o brasileiro médio, que segundo ele, leva marmita para o trabalho e será a linha de frente para a retomada no pós-pandemia. Quanto à Imprensa, Mourão criticou exageros por parte de alguns jornalistas. “Quem acompanha o noticiário deve achar que o Brasil está acabando, se derretendo”, disse. A fala foi proferida em transmissão ao vivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Vapt vupt
Deputados e senadores preparam-se para enfrentar um Congresso atípico no segundo semestre. Com a reforma tributária como principal item da pauta, os parlamentares têm à frente uma proposta tão difícil de aprovar quanto a da Reforma da Previdência. Mas, a negociação ocorrerá em um período muito mais curto, com uma eleição municipal no caminho e, logo depois, eleições para as presidências da Câmara e do Senado. As pautas governistas de privatização, apontadas como importantes, também enfrentarão dificuldade, novamente, por conta das eleições municipais.
PECs na balança
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está entre os que batem na tecla da reforma tributária, mas ele vem afirmando que a administrativa é complicada sem um texto do governo, e não vê espaço para privatizações no semestre. Vice-líder do bloco parlamentar PL, PP, PSD, MDB, DEM, Solidariedade, PTB, Pros e Avante, Marcelo Ramos (PL-AM) não descarta a importância da tributária, mas está entre os que enxergam um cenário complicado.
Só pra contrariar
O presidente Jair Bolsonaro está disposto a contrariar parte da Imprensa que mantém um batalhão de jornalistas de olho em todas as decisões do Planalto. A nova promessa é a efetivação de Luciano da Silva Barbosa Querido, ex-assessor do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), na presidência da Funarte. Apesar de confirmado na posição, Querido é alvo de ação civil pública na impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF) no dia 1° de julho. Munição de grosso calibre para opositores do presidente da República.