Por Zidiel Coutinho Jr |Está difícil respirar! Nesta época do ano, vemos, com tristeza, o céu esfumaçado, o sol encoberto e notícias de focos de incêndio por todo o Estado, causando danos irreparáveis à nossa fauna e flora. Tudo isso é muito preocupante e é fundamental que as instituições de proteção ambiental atuem contra as queimadas ilegais. Mas hoje quero fazer uma reflexão sobre os danos à saúde humana.
Não bastasse o aumento de doenças respiratórias em Mato Grosso neste período, em decorrência da baixíssima umidade do ar – correspondente à desértica (de apenas 12%, sendo que a taxa recomendada pela OMS é de 60% ou mais), passamos por uma pandemia que compromete justamente a respiração. As unidades de saúde pública, todo ano, são sobrecarregadas para atendimento de doenças como rinite e asma (e até problemas cardíacos) e, especificamente em 2020, já estava acima de sua capacidade em função do novo coronavírus.
As ciências não podem precisar o impacto das queimadas e consequente poluição atmosférica na vida humana, mas afeta de forma significativa a população. A situação é ainda mais grave em Mato Grosso por três características: uma natural – a combustão de folhas secas pelo grande calor atuando em baixa umidade; e duas humanas. A primeira por maus hábitos – como o descarte de cigarro em rodovias; e a queimada provocada com finalidade agrícola – quando a legislação específica é desrespeitada.
Nesse contexto, ainda há o chamado grupo de risco, ou seja, pessoas com alguma doença ou especificidade existente, que podem ter sua condição agravada com o acúmulo de absorção de ar poluído.
Considerando todos esses fatores, precisamos refletir sobre alguns pontos e agir! É necessário levantar os grupos mais vulneráveis em um período de baixa umidade e atendê-los; buscar investir na saúde pública para acolher com mais celeridade pacientes com doenças respiratórias; promover campanhas a fim de incentivar a hidratação – do corpo e do ambiente; promover campanhas educativas para que o cidadão não faça queimadas de nenhum porte; e garantir efetivo tanto para a fiscalização de incêndios agrícolas como para eliminar os focos de calor.
Além de lutar coletivamente por políticas públicas adequadas, você e eu podemos nos unir para mudar a cultura local, de forma a conscientizar nosso filho, amigo, vizinho da importância de resguardar a fauna e a flora mato-grossense e, claro, nossa saúde.
Zidiel Coutinho Jr é advogado em Cuiabá.