Existo, sou por linguagem

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Desde Cícero (106-43 a.C.), cultura leva consigo um especial significado, a filosofia da educação.

 

Nasce-se sem conhecimento (ao menos empírico) e iletrado. Na sociedade, com a linguagem (aspecto cultural específico), especialmente, as pessoas aprendem a se tornar partes de toda uma engrenagem, aprendem a amar e odiar, respeitar e se fazer respeitadas, reagir e resignar etc.

 

Para os existencialistas, por exemplo, a existência precede a essência, o que, a grosso modo e ligeiramente, remete-se às consequências e responsabilidades no caminhar neste mundo. Primeiro existo, depois, torno-me.

 

A linguagem (aqui incluindo aspectos culturais e educacionais), portanto, a par de seus efeitos sobre o pensamento, torna-se a todos cativos de um dado sociológico do mais importante: logramos percepções diferentes do papel a desempenhar na alteridade.

Então, é rigorosamente correto projetar-se o Direito, a Economia, a Política e a Filosofia, num mundo cultural e perceptivelmente diferente do nosso?

Nos países europeus (em sua maioria), somados ao de língua inglesa, vale dizer, inseridos estão numa cultura mais individualista, não se vendo, em princípio, como parte de um todo.

 

Ao contrário, naqueles sul americanos, ou mesmo asiáticos, a percepção do agente é no sentido de fazer parte do coletivo. Mas no que isso é importante?

 

Em uns, as motivações (aqui incluindo emoções, moralidade etc.) passam pelo coletivo e, noutros, não.

 

Então, é rigorosamente correto projetar-se o Direito, a Economia, a Política e a Filosofia, num mundo cultural e perceptivelmente diferente do nosso?

 

E os mestres e doutores ainda ensaiam seus pensamentos e dialéticas num contexto que não aprenderam a caminhar, desde sempre. Vão para fora e se encantam, mas, ao não conseguirem por aqui encantar, desencantam.

 

Daí a confusão e a disfunção retórica, desaguando em contradições acadêmicas, paradoxos, e leitura ideológica fundamentalista. As incompreensões com as opções políticas de pensadores de outrora nadam nesse cenário (Heidegger poderia ser um exemplo disso).

 

Sem adentrar em alternativas a Gettier, criando uma condição extra para os problemas do conhecimento (por Paul Kleinman), a linguagem, em seus aspectos culturais e educacionais, deve ser levada em conta nas suas origens. Mais que isso é chute, é canelada.

 

É por aí…

 

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz.

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