Há dez anos, o mato-grossense Cosme Bezerra da Silva dedica o seu tempo livre para encontrar pessoas dadas como desaparecidas em todo o Brasil. Trabalhando como “localizador de pessoas”, como gosta de ser chamado, ele se orgulha de contar que já promoveu mais de 100 reencontros.
Em entrevista Cosme revela que já encontrou pessoas até mesmo na Espanha e na Bolívia. E engana-se quem acha que ele limita suas buscas à internet. Segundo ele, foi batendo de porta em porta e conversando com as pessoas que ele conseguiu resolver 90% dos casos que chegaram às suas mãos.
“Eu saio, vou até o local, bato nas portas, pergunto aos vizinhos. Porque nem sempre a tecnologia me dá as informações atualizadas ou corretas. Raramente eu uso mídia social para localizar alguém, porque lá [internet], as pessoas usam apelidos, sobrenomes, o que dificulta meu trabalho. Foram pouquíssimas as vezes em que usei as redes sociais”, conta.
Nunca havia me passado pela cabeça receber por isso um dia, até porque já tinha um emprego. Mas depois que me desvinculei da minha outra função, pensei que era uma possibilidade de complementar a renda
“Trabalho há alguns anos desse jeito, mas eu nunca havia pensado em divulgar nada. Cheguei a abrir um escritório, mas sempre fui discreto, porque antes eu exercia outra atividade e não podia divulgar esse trabalho”, conta.
“Eu vi que as pessoas sempre solicitavam para encontrar pais biológicos ou filhos por aí. Nunca havia me passado pela cabeça receber por isso um dia, até porque já tinha um emprego. Mas depois que me desvinculei da minha outra função, pensei que era uma possibilidade de complementar a renda. E já tinha uma clientela que ajudava”, explica.
Procura por amor
A vontade em ajudar as pessoas, como ele gosta de dizer, ocorreu ainda quando era apenas um garoto 14 anos, ao assistir o noticiário e ver que no Brasil havia mais de 100 mil pessoas sendo procuradas.
Filhos de pais separados, ele se comoveu em pensar que muitas pessoas não tinham contato com seus entes queridos.
“Eu percebi que isso é um segmento. Existe uma verdade que é: ‘Quem não convive, não ama, mas quem é abandonado, sente a falta do ente querido’”.
Com baixo custo, o “localizador de pessoas” diz não cobrar valores exorbitantes pelo trabalho e diz que, quando se comove com uma história, chega a usar, inclusive, de seus próprios recursos para concluir um caso.
“Tivemos que ir duas vezes a São Paulo com nossos próprios recursos. Nós não tivemos esse compromisso da pessoa pagar com nada. Falamos que ela apenas pagaria se desse certo. Nós acertaríamos os valores. E estamos há três anos nesse caso, mas até hoje ainda não encontrei, porque a pessoa [procurada] está vivendo com documento falso”, conta.
No entanto, o caso acima é uma exceção. Ele se recorda de um reencontro entre mãe e filho que teve um final feliz após 11 dias de trabalho. Na ocasião, o filho morava em Bom Sucesso, em Várzea Grande, e não via a mãe desde quando era criança.
A mãe foi encontrada morando no Rio de Janeiro e após ser contatada por Cosme, os familiares promoveram um reencontro, que foi filmado.
O mato-grossense acredita que, se tivesse se dedicado à função há mais tempo, já teria em seu histórico milhares de pessoas encontradas.
Outras funções
Cosme diz que muitas pessoas o confundem com investigador ou detetive, mas que não se classifica desta forma, pois sua função, de acordo com ele, não é investigar a vida das pessoas, apenas encontrá-las.
“Isso envolve até mesmo investigação conjugal, coisa que nunca fiz e nunca vou fazer, não é a minha praia. Eu não posso ser feliz em um negócio onde só eu ganho. As outras pessoas também têm que sair feliz”, diz.
No entanto, além de pessoas, Cosme também localiza veículos para vítimas de roubo ou furto e ajuda advogados a localizarem pessoas alvos de ação judicial.
“Nós já localizamos veículos roubados, inclusive dentro de pátio dos Ciretrans do Estado e devolvemos o veículo para a pessoa. As autoridades nem sempre estão preocupadas em ressarcir ao bem para quem é de direito. Também localizamos pessoas para advogados que querem intimar para uma ação, como receber herança, por exemplo”, exemplifica.
Por conta própria, Cosme tanmbém encontra pessoas que devem pensão alimentícia sem cobrar nada.
“Eu não cobro, quando é devedor. Se for pra ter que encontrar pra pagar pensão do filho eu não cobro, porque quem colocou no mundo, tem que cuidar”, afirma.
Questionado se acredita que a sua atuação soma ao trabalho da Polícia Civil, Cosme diz que sim, mas ressalta que nunca trabalhou em conjunto com eles, apenas ajudando em casos particulares.
“Eu não tenho nenhum vínculo com a Polícia. Alguns [policiais civis] já me procuraram, mas para resolver problemas particulares. Também não me vejo como um apoiador da Polícia Civil, porque a investigação deles é feita somente através de dados que a segurança e os órgãos competentes têm. Eu vou além disso. Já localizei uma senhora aqui de Cuiabá que há 60 anos não conhecia a irmã. Eu passei todas as informações e elas se encontraram”, conta.
O mato-grossense diz que se sente agradecido por conseguir promover a felicidade para o outro.
“Eu me sinto agradecido, agradeço a Deus por ter me dado essa visão, porque não é só o dinheiro que conta. As pessoas precisam se preocupar com o próximo e eu vejo isso que faço como uma forma de preocupação, porque eu sou filho de pais separados. A gente sabe como é bom ter uma família, ter pai e ter mãe, e a maioria dessas pessoas não tiveram isso”, afirma.
Quem tiver interesse no trabalho prestado por Cosme pode entrar em contato com ele pelo número (65) 9 9291-3310 ou pela página no Facebook.
Fonte: Midia News