Duas ferrovias

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A Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) aprovou os estudos de viabilidade da ferrovia Ferrogrão. Esses estudos estão agora no TCU e devem ser validados neste semestre. O investimento na construção da ferrovia seria de 12.7 bilhões de reais.

 

A Rumo Logística, aquele ferrovia que já está em Rondonópolis, conseguiu também na ANTT a extensão da concessão por mais 30 anos, de 2028 para 2058, na malha paulista. Essa definição final também depende do aval do TCU e pode ocorrer neste semestre.

 

Esta disputa positiva em Brasília das duas ferrovias é talvez o assunto principal da agenda de MT no momento.

 

Se o TCU der o aval, a Rumo Logística propõe investir sete bilhões de reais na malha ferroviária Paulista para melhorá-la e principalmente tirá-la do sufoco urbano em muitas cidades no caminho.

A Ferrogrão tem a vantagem sobre a Rumo de que o produto exportado saindo pelo norte já estaria mais perto do Canal do Panamá

Afirmam que investiriam, concomitantemente, na ferrovia de Rondonópolis para Lucas (520 km). Este investimento chegaria a quatro bilhões de reais.  Fala-se que a engenharia resolve com facilidade a descida da serra de São Vicente. Passaria na região de Cuiabá, não dentro da cidade como alguns imaginam.

 

Se o TCU aprovar a concessão por mais 30 anos da Rumo na malha paulista dá mesmo para acreditar na extensão dessa ferrovia.  Não é possível que vão fazer aquele investimento para expandir aquela ferrovia para ficar com a carga que tem hoje ali em Rondonópolis. Só faz sentido se buscar mais cargas e o caminho seria aquele de Lucas.

 

A Ferrogrão será entre Sinop e Miritituba no Pará. Ela teria 933 km. Ela poderá ir até Lucas, seriam mais uns 150 quilômetros de ferrovia.

 

Acredita-se que não se teria muita dificuldade para aprovar os estudos ambientais dessa ferrovia porque ela seria construída ao longo da rodovia 163, lugar que o assunto foi resolvido. Está também em andamento o entendimento com povos indígenas da área.

 

Hoje a Rumo Logística transporta 30 milhões de toneladas, sendo 20 milhões de produtos de MT. Quer chegar a 75 milhões, sendo 40 milhões daqui do estado. A Ferrogrão, no inicio, levaria acima de 13 milhões de toneladas, chegando a mais de 40 milhões em 2050. A carga sairia pelos portos do chamado Arco Norte.

 

Carga não vai faltar para as duas ferrovias. Mostra o Imea que a produção de soja e milho no estado pode saltar de 63 milhões de toneladas para 108 milhões em 2028. A área plantada sairia de 15 milhões de hectares para 23 milhões.

 

A Ferrogrão tem a vantagem sobre a Rumo de que o produto exportado saindo pelo norte já estaria mais perto do Canal do Panamá. A viagem para a China poderia diminuir quatro dias. A Rumo tem a vantagem de passar por centros urbanos maiores em SP e MT e poderia levar e trazer, além de grãos, fibras e carnes, produtos industrializados em ambas as direções.

 

Sair as duas ferrovias seria o ideal. Disputar frete, ganham os produtores. Mas acho difícil a construção das duas. Qual delas? A corrida já começou. Façam suas apostas.

 

ALFREDO DA MOTA MENEZES é analista político.

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