Desenlatando – Humanizando

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Por Cynthia Lemos

Mais um dia, a mesma rotina. Só sei que tenho um monte de coisas para fazer e se não me apressar não vai dar tempo.

Não vai dar tempo. Meu Deus! Que hora que voa, já é tudo isso?

Entro com pressa no elevador, me ajeito no espelho rapidamente e chego ao meu destino, faço o que tenho que fazer. Viro as costas, retomo meu caminho, a hora voa, entro novamente no elevador, me deparo com o mesmo espelho, mas agora me vejo diferente, e… sou interrompida do meu piloto automático.

Ele: – Oi! Tudo bem com você?

A pergunta foi feita olhando bem dentro dos meus olhos. Naquele momento me recupero como gente. Não robotizada, me lembro sendo humana e desacelero.

Eu: – Oi! Que bom que você está aí. – respondo

Ele:- Eu sempre estou aqui. É que às vezes parece que fico sem espaço.

Silêncio. Uma boa pausa de silêncio.

Eu: – Sim, você tem razão.

Ele: – Eu vejo você, eu ouço você, eu sinto você, você existe pra mim.

Eu: – O que você quer que eu faça?

Ele: – Dê sentido! Dê sentido ao que você faz minha pessoa. Esteja a cumprir seu papel, suas tarefas, mas, por favor, não perca a conexão.

Reflito a sabedoria que existe naquela fala.

Eu: – Sim, na rotina me perco tantas vezes. Torno-me tão robótica que me sinto fabricada em série de milhares de cópias comuns… Ah, como é bom te dar espaço para me lembrar que também sou única, fabricação própria e rara que se perde às vezes nas falhas da singularidade.

Ele: – Bom acordar mesmo. Para seguir nesta caminhada de forma mais criativa.

Você deve achar que esse dialogo é com algum conhecido, o amor da minha vida…e realmente é.

Ele é o meu inconsciente.  Aquela parte de nós que quase nunca ouvimos, mas está ali, trabalhando nas emoções, refletindo nas escolhas e direcionando nossas decisões.

Ele é o integrante da minha parte criativa, da minha inteligência mais profunda e sábia e quando não lhe dou ouvidos…quase me mata de tanto me sufocar.

Então eu grito e lembro que sou rara e única, imensa e pequena no meu tamanho de ser tosco, fabricado em série, me deixando enlatar, até que me permito ser.

Desenlatando em 3,2,1.

Humanizado.

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