As crianças e adolescentes que eram mantidos trancados em um quarto pelos pais numa casa em Cuiabá foram ouvidos na delegacia nesta segunda-feira (11). Eles foram resgatados na sexta-feira (8) com fome sede dentro de um cômodo nos fundos da casa onde os pais moravam com os pais.
Natália Pereira dos Santos, de 32 anos, e o marido dela, Élio Roberto dos Santos, de 38 anos, foram presos. Ela foi solta no sábado (9). O marido continua preso. O G1 não conseguiu localizar a defesa deles.
Segundo a Polícia Civil, todos foram ouvidos por uma equipe multidisciplinar da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) composta por psicológos.
Após os depoimentos, a equipe deve confeccionar um relatório que será entregue ao delegado responsável pelo caso. As crianças que têm idade entre 6 e 14 anos estão em abrigos e sob a guarda do Conselho Tutelar.
Elas viviam sem energia elétrica ou acesso à comida e água potável, deixando o local apenas para irem à escola.
O local onde elas foram encontradas é sujo, com odor fétido, e os colchões onde as vítimas dormiam, estavam úmidos. No chão molhado, peças de roupas, cobertores e até material escolar foram encontrados pelos policiais.
O odor fétido também pode ser sentido no cômodo. O conselheiro tutelar Wagner Vinícius de Lima, que assumiu o caso, define a situação como “terrível”. O resgate ocorreu depois que as vítimas jogaram bilhetes enrolados em pedras em direção à rua pedindo socorro.
Nos últimos dias, o pai havia cortado a “mistura”, como as crianças se referem à comida completa, como um castigo de 30 dias, após a filha mais nova pegar um garfo da casa principal e levar para o cômodo que dividia com os irmãos. Dessa forma, nos últimos dias, as crianças viviam comendo arroz e feijão sem tempero e mal cozido – muitas vezes azedos -, que eram fornecidos pelo pai.
Prisão e soltura
O casal foi preso em flagrante por lesão corporal e tortura. Eles negaram as acusações durante audiência de custódia. A mãe foi solta por ordem da Justiça.
Na decisão, o juiz Mário Kono de Oliveira alegou que mantê-la presa seria aldo “desnecessário” e que o afastamento dos pais poderia agravar a situação, pois ela trabalha como atendente de padaria em um supermercado da capital e é a única fonte de renda da família, devendo permanecer empregada para garantir o pagamento de pensão aos filhos.