Da Redação (com informações da assessoria)
A vice-presidente da Comissão da Infância e Juventude da Oordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Aline Cristina Maehler usou o espaço da Tribuna Livre da Sessão Ordinária desta terça-feira (06) para discorrer sobre o tráfico de pessoas.
Como representante da entidade, a jurista integra a Comissão Estadual de Prevenção e Enfrentamento do Tráfico de Pessoas (CETRAP).
Desta forma, além de falar sobre o trabalho que o Cetrape desenvolve, ela ainda solicitou apoio do presidente da Câmara Municipal de Cuiabá Misael Galvão (PSB) e dos demais vereadores, no intuito de levar o programa Coração Azul para os bairros e escolas da rede pública.
O Coração Azul é uma campanha realizada anualmente, pelo período de três, visando esclarecer a sociedade sobre as questões envolvendo o tráfico de pessoas.
Essa campanha é desenvolvida através de palestras, debates e distribuição folders, alertando a população sobre o que é o tráfico de pessoas, maneiras como ele ocorre e formas de captação das vítimas.
“O tráfico de pessoas existe para diversos fins: trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de órgãos humanos, dentre outros. Ele atinge crianças, adolescentes e adultos. E como complicador, é um crime considerado ‘invisível’, porque é difícil detectar, pois a vítima geralmente é pega pelo convencimento, então ela está indo de livre e espontânea vontade”, alertou Aline Maehler.
Por estar enganada, a pessoa traficada só se reconhece como vítima de um golpe quando chega ao destino e percebe que está prisioneira, sem direitos mínimos garantidos a um trabalhador, a um cidadão privada de liberdade, trabalha muito, alimenta-se mal, é alojada em locais insalubres, sem conforto e nem sempre é recompensada pelo trabalho realizado.
Suas vítimas são, caracteristicamente, as pessoas que possuem um sonho difícil de ser realizado sozinho. “É o menino que quer jogar futebol – num grande centro -, adolescentes que querem ser modelos, adultos que precisam de um trabalho urgentemente”, explica a Coordenadora.
Assim, a situação financeira precária é só mais um fator, mas não o determinante. Por isso é um crime que não escolhe nível social ou escolaridade, tampouco idade. A ONU calcula que essa atividade criminosa seja a terceira prática mais rentável no mundo, girando algo em torno de 21 bi de dólares ao ano, ficando atrás do tráfico de drogas e de armas.
Como atinge a pessoa em sua essência de ser humano, o Cetrape trabalha com três eixos de ação: a prevenção, a repressão e o acolhimento. A advogada explica que a entidade faz a gestão de políticas públicas aplicadas por outras entidades governamentais e privadas, tais como o Ministério Público, a Defensoria Pública e centrais sindicais.
O vereador Delegado Marcos Veloso (PV) agradeceu, em nome da Câmara, a presença da convidada e colocou a Casa a disposição para acolher a proposta. Com 31 anos de atuação na segurança pública, ele lembrou que foi o primeiro presidente da Coetrae (Comissão Estradual de Erradicação do Trabalho Escravo). Pela experiência de campo que adquiriu, o Delegado percebe que “as pessoas imaginam que o tráfico de pessoas só existe na tela do cinema ou no estrangeiro, na Europa, o Oriente Médio. Mas não, ele existe no Brasil, em Mato Grosso e, infelizmente, em Cuiabá”, e concluiu explicando que o tráfico não acontece com o criminoso enfiando a vítima numa caixa, mas de formas variadas e o mais discretamente possível.
Foto: Reprodução