O cacique Raoni Metuktire lançou, nesta sexta-feira (9), um manifesto contra a legalização de garimpo em terras Indígenas (TI), em Mato Grosso e no Pará.
O documento tem o apoio de 56 comunidades e das associações de indígenas kayapós, que reúnem o Instituto Raoni, Associação Floresta Protegida e Instituto Kabu.
A intenção é alertar para o aumento desenfreado do desmatamento e da grilagem em territórios indígenas nos últimos anos.
Do povo kayapó, Raoni é conhecido mundialmente pela trajetória de luta em defesa da Amazônia e dos direitos dos povos indígenas no Brasil.
Ele chegou a ser considerado um dos mais cotados na disputa pelo Nobel da Paz deste ano, ganho pelo organismo da ONU para o combate à fome.
De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), os indígenas advertem que o “desmonte das fiscalizações e o estímulo ao garimpo por parte do governo encorajam as invasões e a exploração predatória”.
Somente nos últimos três anos, o garimpo já destruiu cerca de cinco mil hectares de floresta na TI Kayapó, um dos epicentros da mineração ilegal.
“Repudiamos a forma como o governo federal vem estimulando a invasão de nossos territórios, seja pela retórica que fortalece o crime organizado, seja pela omissão e fragilização dos órgãos responsáveis pela proteção dos territórios indígenas e pelo combate a atividades ilegais e predatórias”, traz um trecho do documento.
No manifesto, as organizações reconhecem que há indígenas da etnia que decidiram se integrar à cadeia de garimpo, mas ressalta que não representam a totalidade do povo Kayapó.
“A crescente pressão sobre nossas comunidades fez com que algumas poucas lideranças fossem seduzidas pelo ganho financeiro rápido e fácil que o garimpo proporciona”, frisa.
Os representantes reafirmam ainda que não foi autorizado que esses indígenas falem em nome do povo Kayapó. “Como poderíamos ser a favor de uma atividade que gera profundos impactos ambientais e sociais aos nossos territórios e comunidades? Como poderíamos privar nossos filhos e netos de um território preservado para seguirem vivendo segundo nossos usos, costumes e tradições, como garante a Constituição Federal?”, questiona o texto.
Fonte: Diário de Cuiabá