Para reforçar os mecanismos de combate às queimadas, o Corpo de Bombeiros Militares iniciou nesta quarta-feira (09.09) o teste com uso de retardantes para controlar os incêndios florestais. A estratégia foi testada na Fazenda São João, vizinha ao Parque Estadual Encontro das Águas, em Poconé – região de Porto Jofre (Pantanal Mato-grossense).
A localidade é conhecida pela alta concentração de onças pintadas e teve 51 mil hectares, do total de 108 mil hectares, queimados pelo fogo iniciado há cerca de oito dias.
O trabalho de testes na fase terrestre, desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros, faz parte da Operação Pantanal II e terá duração de três dias. Para isso será empregado o uso de 20 mil litros da substância misturada com água.
Serão coletadas 30 amostras do solo, que devem ser encaminhadas para análise de laboratório e testagem da eficácia do produto.
O agente químico desenvolvido no Estado do Espírito Santo já foi utilizado em outros países com eficácia, como Chile, Canadá e Estados Unidos, para a mesma finalidade. O resultado deve ser concluído em até 30 dias.
O material é aplicado em uma faixa de dois metros e não contém elementos tóxicos que danifiquem ou provoquem danos ao meio ambiente, conforme laudos do Ibama. Além do retardante, as equipes também vão fazer demarcações em uma área de 50 quilômetros. A ideia é criar uma espécie de refúgio para os animais que vem sofrendo com as queimadas, desidratação e risco de óbito de espécies de pequeno e grande porte.
“Também estamos testando o impacto desse insumo no meio ambiente. Temos inúmeras equipes trabalhando de forma integrada visando proteger ao máximo a unidade de conservação, considerando sua relevância no Brasil e no mundo. Não temos estimativas de animais atingidos, mas não há dúvidas de que são muitos. O Pantanal já teve mais de um milhão de hectares queimados”, lamentou Paulo André da Silva Barroso, secretário executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo (CGF).
A secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, defendeu o uso dos produtos químicos e reforçou a necessidade da avaliação a respeito dos impactos que os retardantes podem causar ao meio ambiente.
“Mato Grosso está enfrentando uma situação de calamidade, especialmente no Pantanal, e os bombeiros estão em uma operação de guerra contra o fogo. Precisamos nos valer das melhores técnicas existentes no país e no mundo e, para isso, vamos aplicar o produto e avaliar os seus reflexos. Nesse momento, temos um impacto gigante sendo imposto ao Pantanal, com perda de biodiversidade, enfraquecimento do solo e sofrimento da fauna. As novas técnicas podem auxiliar nesse combate e minimizar os impactos atuais”, afirmou ela.
Para realizar a força-tarefa, a equipe composta por 20 militares e integrantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e Defesa Civil conta com o uso de drones, caminhões ABTF, abafadores, aeronaves e máquinas agrícolas.
Nesta quinta-feira (10.09), haverá um novo teste com o retardante sendo aplicado com o uso de uma aeronave.
“A operação só terminará depois que construirmos um espaço seguro e garantirmos que o fogo esteja controlado. Este primeiro dia de uso do retardante podemos considerar positivo – já que houve baixa na intensidade e velocidade do fogo. A próxima etapa será proceder com os testes tanto na vegetação, como no solo”, explicou o capitão do Corpo de Bombeiros, Leandro Alves.
Assim como em todas as áreas afetadas anteriormente, o Parque Estadual Encontro das Águas também passará por perícia para identificar as causas e onde foi iniciado o incêndio.
Operação Pantanal II
A operação para combater incêndios em áreas florestais de Mato Grosso foi iniciada no dia 7 de agosto em uma ação conjunta. O último boletim divulgado pelo Corpo de Bombeiros aponta que as equipes continuam atuando no combate aos incêndios em outros pontos do Pantanal, como a estrada Transpantaneira Setor Norte e Sul (Porto Jofre) e áreas próximas a reserva Sesc Porto Cercado.
Também atuam nesses pontos, militares da marinha, bombeiros militares de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, ICMBIO, IBAMA, funcionários do Sesc Pantanal e Universidade Federal de Mato Grosso. O monitoramento das áreas é feito via satélite pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT). Fonte: