A recessão provocada pela pandemia é menos severa do que se temia nas economias avançadas, mas na maioria dos países em desenvolvimento tornou-se uma depressão, especialmente para os mais pobres, de acordo com o presidente do Banco Mundial, David Malpass.
Ele afirmou que a instituição espera conceder mais de US$ 50 bilhões em doações ou créditos até junho de 2021, ajudando a fornecer grandes fluxos líquidos positivos para as pessoas e países mais pobres e frágeis.
A instituição também propôs um pacote de financiamento de emergência suplementar de US$ 25 bilhões para os países mais pobres e afirmou que o risco de inadimplências desordenadas está aumentando.
Na semana passada, o Banco Mundial melhorou projeção para o PIB do Brasil para queda de 5,4% em 2020.
“Nossos últimos dados econômicos e de pobreza mostram uma desigualdade terrível causada pela pandemia e por paralisações econômicas”, disse Malpass, que participa da Reunião de Ministros de Finanças e Governadores de Banco Central do G20.
“A tendência nas crises da dívida anteriores é que os países em sobreendividamento passem por uma série de reescalonamentos ineficazes da dívida que os deixam mais fracos. Os credores podem, eventualmente, permitir que eles entrem em um processo de redução da dívida, mas a um custo enorme para os pobres. Precisamos trabalhar melhor e mais rápido desta vez.”
Ele reafirmou que a pandemia pode levar mais 150 milhões à pobreza extrema até 2021, destacou o lançamento de programas de emergência de saúde em 111 países e o aumento de doações e empréstimos que atingirão os limites da estrutura de capital do banco.
Citou ainda a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI, na sigla em inglês), aprovada pelo grupo em abril e que será ampliada.
“Alguns problemas essenciais relacionados ao DSSI ainda não foram resolvidos, notadamente a falta de participação de credores privados e a participação incompleta de alguns credores bilaterais oficiais.”
Segundo Malpass, este programa adia os pagamentos, mas não os reduz, pois os juros acabam por deixar os países com mais dívidas.
Por Eduardo Cucolo
Da Folhapress – São Paulo