Após ter sonho “afogado” ex-aluno de Ledur vive hoje como analista de logística e pede clareza em inquérito

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Por: Rafael Medeiros

O ex-aluno do Corpo de Bombeiros, Maurício Santos, pede agilidade e clareza, no Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, para investigar uma nova denúncia de tortura, que teria sido cometida pela tenente Izadora Ledur, acusada da morte do aluno Rodrigo Claro. Maurício que hoje é analista de logística, em uma multinacional, em Sorriso (a 420 km de Cuiabá), acusa a tenente de praticar série de crueldade contra ele, durante cinco meses, no 15º curso de Formação do Corpo de Bombeiros, em 2015.

Testemunhas já começaram a serem ouvidas, desde a última quarta-feira (5), para apuração da nova denúncia. A vítima, pede justiça há mais de três anos.

A primeira audiência ocorreu em Sorriso, a mesma foi assistida pelo major BM Heitor Alves de Souza que é o encarregado. No mesmo dia, foi ouvida a testemunhas de defesa de Máuricio, na época Aluno Candioto, que hoje é soldado BM no batalhão de Sorriso.

Nesta última quinta-feira (6), foram ouvidos em Cuiabá o sargento Roque, sargento Josimar e a soldada Camila.

Procurada, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, informou que sob pena de atrapalhar as investigações, o encarregado do inquérito optou por não fornecer os depoimentos a imprensa.

O jovem que sonhava em ser militar, diz que o sonho foi destruído por Ledur. “Fui obrigado a deixar de ser bombeiro, para estar vivo aqui hoje. Caso contrário teria sido eu ao invés do Rodrigo. Meu sonho foi destruído pela Ledur”, lamentou o jovem.

As crueldades que Maurício sobreu são parecidas com as de Rodrigo Claro. “O mesmo q aconteceu com o Rodrigo foi o mesmo que comigo a única diferença que com o Rodrigo ela [Ledur] fez enquanto ele realizava a travessia e comigo ela [Ledur] fez parado no meio da Lagoa. Eu comecei a sentir câimbras durante a travessia. Alguns colegas do pelotão foram me ajudando, logo mais recebi uma bóia. Quando estávamos no meio da lagoa ela [Ledur] mandou que todos me deixassem e me chamou. Eu sabia que alí seria o fim de tudo”, disse Maurício ao O Bom da Notícia.

Segundo Maurício, Ledur era violenta, cruel, raivosa e falava muitos palavrões. Maurício assim como Rodrigo foi parar na Policlínica.

“Quando me aproximei ela começou a me xingar, zombava da minha cara porque sabia que eu não tinha como escapar da cena cruel que iria acontecer e foi onde ela [Ledur] começou com as sessões de afogamento, até eu desmaiar. Porém, até isso acontecer foi horrível, no momento eu achei que iria morrer. Engoli muita água e fui parar na policlínica, ali começou o fim e a destruição do meu sonho de ser bombeiro”, finaliza Maurício.

O curso

O curso que Maurício participou começou em julho de 2015. Ele contou que até dezembro [do mesmo ano] o foco era nas disciplinas teóricas, mas com algumas atividades físicas. Já em janeiro de 2016 foram iniciadas as atividades práticas, com aulas de salvamento aquático, salvamento em altura e terrestre, entre outras disciplinas. No entanto, no início as aulas não eram ministradas por Ledur.

“Eu tinha dificuldade com água, então me preparava antes, em horários de folga, fazia treinamentos e consegui melhorar um pouco. Eu tinha dificuldade sim, às vezes não conseguia chegar ao final, porém em nenhum destes momentos eu passei o que eu vim a passar depois nas mãos dela [Ledur]”, explicou Mauricio.

A morte de Rodrigo

Rodrigo Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016 após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro de Mato Grosso.

Segundo denúncia do Ministério Público, a vítima foi submetida, por várias vezes a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Ledur, o que resultou na sua morte.

Ledur responde também processo criminal, por tortura, resultando em morte, na Justiça Militar. Na próxima semana, por sinal, serão ouvidas as últimas testemunhas e está marcado também o depoimento da acusada. A tenente ficou mais de 700 dias de licença médica após a morte do aluno. Voltou recentemente para a corporação e tenta a promoção para capitã.

A bombeira voltou para a instituição em junho de 2018, como forma de evitar  de ser aposentada por invalidez. Já que o estatuto dos militares é bem claro que se um militar permanecer afastado por mais de um ano contínuo, em licença para tratamento de saúde, será agregado .

Ledur entrou com atestados médicos [ao todo 13], sob a alegação de depressão, assim, revelando que estaria impossibilitada de voltar as atividades e, igualmente, de responder ao Conselho de Justificação do Corpo de Bombeiros. Seu primeiro atestado médico foi no dia 20 de dezembro de 2016.

Ela só será ouvida após depoimentos de todas as testemunhas.

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