A defesa do detento Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”, pediu a transferência dele do Raio 5 da Penitenciária Central do Estado (PCE) para ala evangélica ou para outra unidade prisional de Mato Grosso.
O pedido foi protocolado nesta quinta-feira (28) na Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT).
No documento, o advogado Rafael Winck alega que Marreta corre risco de vida.
Marreta confessou, no último dia 18 de novembro, ter matado o companheiro de cela, Paulo César dos Santos, o “Petróleo”.
O crime ocorreu no dia 27 de outubro, na cela onde os dois ficavam, após prestarem depoimento no Fórum de Cuiabá a respeito do processo relativo à Operação Assepsia, que desbaratou um esquema que facilitava a entrada de aparelhos celulares na PCE. Os dois se tornaram réus no caso este ano.
Após o crime, ele foi colocado em uma cela isolada na Penitenciária.
Nesta semana, segundo o advogado, Marreta retornou à antiga cela e teria ouvido outro detento tramando a sua morte. Segundo o advogado, Marreta “se regenerou, deixou a vida do crime e agora é um novo homem de Deus”.
Portanto, não havendo a transferência do detento seria o mesmo que colocá-lo em uma cela cheia de leões
“Ressalta-se que o local em que o requerente se encontra segregado qual seja Raio 5, cubículo 4, corredor A, a sua integridade física encontra-se em risco pois a divisão de cela de outro reeducando são juntas, não havendo seguranla adequada em caso de atentando contra a sua vida”, diz trecho do documento.
“Portanto, não havendo a transferência do detento seria o mesmo que colocá-lo em uma cela cheia de leões”, acrescenta a defesa no documento.
Operação Assepsia
Também se tornaram réus após a operação o ex-diretor da Penitenciária Central, Revétrio Francisco da Costa; o ex-vice-diretor, Reginaldo Alves dos Santos, os militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior.
Conforme consta na denúncia, no dia 6 de junho, por volta das 13h, misteriosamente os portões da PCE se abriram e uma camionete Ford Ranger preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares.
Os ocupantes dos veículos não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor acabou sendo disponibilizado em um corredor.
No mesmo dia, os três policiais militares denunciados também estiveram na penitenciária à paisana com um veículo Gol, estando um deles com duas sacolas cheias de objetos não identificados nas mãos.
“Os três policiais entraram na sala de Revetrio e. em seguida. Revetrio ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso. Estavam tratando do que? O freezer recheado de celulares era destinado a Paulo Cesar”, diz a denúncia.
Em depoimentos prestados à polícia, um dos líderes do Comando Vermelho afirmou que, durante a reunião, eles falaram o tempo todo sobre a entrada do freezer com os aparelhos celulares.
Na ocasião, Reginaldo teria alertado para que retirasse todos os aparelhos durante a noite, e utilizasse a cola, que estava junto com os celulares, para fechá-lo novamente.
Também foi relatado que no interior da sala havia sido combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio (promessa de recompensa).
O esquema, conforme o Gaeco, foi descoberto após a troca do pessoal da guarda. Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, a agente ordenou que passasse pelo scanner, quando foram encontrados 86 aparelhos celulares, carregadores, baterias, fones de ouvido, todos escondidos sob o forro da porta do freezer, envoltos em papel alumínio para fins de neutralizar a visão do scanner.
De acordo com a denúncia, no momento do desmonte do freezer, os policiais do GCCO promoveram a apreensão de todos os equipamentos encontrados e das imagens de câmeras internas. Também foi realizada a oitiva de todos os envolvidos. Com as diligências policiais, descobriu-se que a camionete que trouxe o freezer pertencia a Luciano Mariano da Silva, o Marreta, e estava sendo utilizado por amigos de facção.
Fonte: Midia News