Você sabia que quem tem diabetes pode fazer uma cirurgia plástica?

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Então, pode sim! Desde que tudo esteja controlado. Só no Brasil cerca de 8.9 % da população sofre dessa patologia. A diabetes acontece quando o pâncreas diminui a secreção de insulina, um hormônio responsável pela controle da glicose nas células, fazendo com que suas taxas aumentem no sangue. Sabe-se que além da predisposição genética, fatores como a obesidade e maus hábitos alimentares contribuem para a doença. A sua morbi-mortalidade é maior que pacientes sem o problema inclusive em procedimentos menores, por diversas razões, especialmente pela obesidade e doença macrovascular. Esta pode levar problemas de cicatrização, afeta os vasos sanguíneos, assim como a hipertensão. Uma vez que esses vasos estão presentes em quase todos os órgãos do corpo, os prejuízos podem ser bastante diversos, como o aumento da chance de infecções, problemas renais, cegueira, etc.Tem mais infecção no sítio operatório assim como infecção urinária, pneumonia e outras infecções sistêmicas bacterianas e fúngicas pois a hiperglicemia (>180mg/dl) prejudica a ação de leucócitos e linfócitos, que são as nossas células de defesa. A cicatrização também é prejudicada na hiperglicemia (principalmente quando >240mg/dl) por alteração da função do fibroblasto. Tais efeitos no sítio operatório combinados, podem conduzir à deiscência o que prolonga o tempo de recuperação e hospitalização do paciente. Com relação aos cuidados pré- operatórios, temos que:
1- Fatores de Risco. Deve-se investigar a sua presença e tratá-los, quando possível. A perda de peso em obesos é geralmente lenta mas é essencial em cirurgias plásticas . Além disso, fumo e anticoncepcionais devem ser suspensos.
Os diabéticos têm avaliação clínica prejudicada por uma menor percepção sensorial da coronariopatia (isquemia silenciosa do coração ). Um dos fatores prognósticos importantes é a presença de infarto recente (últimos 6 meses) pois têm maior risco de infarto perioperatório (cirurgia plástica deve ser adiada).
Ainda pode ter retenção urinária pós-operatória e atraso no início da alimentação por distúrbio gastrointestinal. Além disso neuropatias e retinopatias devem ser investigadas e acompanhadas de perto.
2- Controle Glicêmico. O objetivo para procedimentos maiores é manter a glicemia de jejum (GJ) < 120mg/dl ou glicemia pós-prandial (GPP) < 180 mg/dl. Tal controle pode exigir, em casos selecionados: admitir o paciente 2 dias antes da cirurgia, trocar medicações hipoglicemiantes orais, ajustes na dose de insulina e troca destas, conforme necessidade.
Assim, para poder operar com riscos mínimos, o paciente tem que procurar seus médicos, endócrino e cirurgião plástico, para saber se está tudo certo para a cirurgia. Se nenhum problema sério for detectado e a glicemia estiver dentro da normalidade a cirurgia provavelmente poderá ser feita. Veja que tudo tem um jeito, se você leva uma vida com bons hábitos alimentares e não é sedentário. Imaginem, que pena seria, se os “docinhos” , como são conhecidos os pacientes que têm o problema, não pudessem operar!Então, bora cuidar da saúde.

Dr. Michel Patrick – Cirurgião Plástico

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