Transporte coletivo de Barra do Garças sofre críticas, mas segue sem concorrência

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Empresa Delta Express, da Garçastur é a única concessionária que oferece o serviço no município e tem deixado a desejar

 

Por Lucas Iglesias

Alvo de críticas, o transporte coletivo de Barra do Garças conta apenas com uma empresa que faz o trajeto pela cidade, a Delta Express, Garçastur. A atual concessionária, inclusive, pediu em 2022, um aumento no valor da tarifa, que na época era R$ 4,75 para R$ 7,00. Mas não foi atendido. Apesar disso, teve sim, um reajuste de 26%, que fez a tarifa chegar a R$ 6,00.

A empresa disse que seria insustentável manter os serviços com o valor atual. Justificou a crise econômica e aumento no combustível para o aumento da tarifa. Mesmo sem o aumento pretendido, o novo valor, que é praticado também em 2023, tem sido criticado constantemente pelos moradores do município, que reclamam do destrato, inclusive, de funcionários da empresa.

Daniel Ribeiro, morador de Barra do Garças e cliente dos serviços da empresa atual, afirma que muitas vezes, se sente com a integridade física ameaçada no transporte: “Os motoristas, em muitas situações, têm pouca paciência, não se importam muito com a sinalização no trânsito e até mesmo tratam quem está no ônibus de maneira ríspida. Não é uma boa experiência, em muitas situações”, afirma.

Diante das queixas, não só de Daniel, mas de outros moradores a prefeitura chegou a abrir os trâmites legais para uma nova licitação, para que uma nova empresa assumisse os serviços de transporte público, mas até o momento, nenhuma empresa teve interesse. Inclusive, segundo a prefeitura, a Garçastur não tem exclusividade no serviço e há reclamações também sobre o estado de conservação dos ônibus.

O secretário de Planejamento de Barra do Garças, Cleber Fabiano, diz: “Existe a abertura. Uma concessão está vencida e a outra não. A atual empresa tem duas licitações. A que está vencida, vamos fazer outra licitação para buscar empresas interessadas”.

Apesar disso, pelo histórico até momento, não existe muita expectativa de outras empresas concorrerem na licitação, mesmo com as atuais críticas dos utilizadores do transporte coletivo em Barra do Garças, nenhuma outra companhia demonstrou a vontade em mudar esse quadro.

Daniel reforça: “Além do estado de conservação dos ônibus, há muita insegurança com a questão dos horários de funcionamento também. O que me deixa apreensivo para marcar compromisso e até mesmo me faz gastar mais dinheiro, para garantir que vai dar certo, ao utilizar o serviço de um aplicativo de mobilidade urbana. Não é fácil ser cliente do transporte coletivo em Barra do Garças. Espero muito que um dia mude”.

A empresa também já passou por dificuldades. Em 2021, ela teve uma ajuda financeira do município, após os vereadores da Câmara Municipal aprovarem um aporte de R$ 75 mil reais, que buscou compensar os prejuízos financeiros sofridos pela empresa durante a pandemia de Covid-19 e também para evitar a suspensão das operações naquele ano, que prejudicaria ainda mais a população.

O valor foi depositado em três parcelas de R$ 25 mil reais, para amenizar a crise da Garçastur, que alegou ao poder público dificuldade para manter o serviço. Mas mesmo após esse aporte, a situação, apesar de melhor do que em 2021, não está ainda no nível de qualidade que a população pede e a pressão faz surgir uma constante sombra de uma segunda empresa para operar o serviço no município.

A empresa atualmente pode fazer o transporte intermunicipal, que permite que os ônibus da empresa rodem de Barra do Garças para Aragarças. Há ainda o transporte de van pela empresa e a concessão de ônibus que roda em Barra do Garças. Importante ressaltar, que apesar disso, mesmo juntas, Barra do Garças e Aragarças, tem juntas, uma população estimada de 87 mil pessoas, o que ainda é um número muito baixo, comparada a cidades maiores, o que leva a direção da empresa a argumentar, que em um dia, muitas vezes, uma capital fatura o equivalente a dois anos aqui na região.

Idosos e Estudantes

A situação entre a empresa com idosos e estudantes sempre vem à tona, quando os clientes reclamam sobre a qualidade do serviço prestado e até mesmo temem que a gratuidade ou o desconto não sejam respeitados pela empresa.

Antes se seguirmos, vamos entender primeiro como funcionam as leis específicas para estudantes e para idosos. Afinal, o acesso ao transporte público é uma questão crucial em qualquer sociedade. Garantir que todos tenham a oportunidade de se locomover de maneira acessível e eficiente é fundamental para promover a igualdade e o bem-estar da comunidade.

Segundo Paulo Augusto, diretor executivo da Garçastur, os estudantes que utilizam o serviço da empresa, pagam 50% do valor da tarifa. Ele reforça “O restante fica nas costas da empresa. Não existe nenhum benefício ou auxílio para compensar este desconto. A empresa que arca com esse restante”.

Para os idosos, ainda segundo Paulo Augusto, o sistema possui uma exorbitante gratuidade. As mulheres com 60 anos não pagam tarifa e os homens com 65 anos, também não pagam. E segundo ele, não existe nenhum subsídio ou qualquer benefício fiscal para compensar as gratuidades.

A gratuidade para idosos no transporte coletivo é outra importante legislação que visa garantir o acesso ao transporte público a um segmento específico da população: os idosos. De acordo com o Estatuto do Idoso, pessoas com idade igual ou superior a 65 anos têm direito à gratuidade no transporte coletivo urbano e semiurbano em todo o país.

Esse benefício é uma conquista significativa para os idosos, uma vez que lhes permite uma maior mobilidade e participação na vida da comunidade. No entanto, assim como a Lei dos 50% para estudantes, a gratuidade para idosos também enfrenta desafios práticos, como a superlotação de veículos em horários de pico e a necessidade de fiscalização para evitar fraudes.

A gratuidade para idosos proporciona maior independência aos idosos, permitindo-lhes participar de atividades sociais e acessar serviços essenciais. No entanto, a implementação efetiva dessa lei exige um esforço contínuo das autoridades locais, das empresas de transporte público e da sociedade em geral. É necessário combater fraudes e garantir que esses benefícios cheguem às pessoas que realmente necessitam. Além disso, investir em infraestrutura e na qualidade do transporte público é fundamental para garantir que essas leis cumpram seu propósito de tornar a mobilidade urbana mais acessível e eficiente.

O empresário Paulo Augusto, diretor executivo da empresa Garçastur, afirma que não é contra a gratuidade para os idosos ou para estudantes, se, houver a contrapartida do município, para garantir que a empresa não tenha prejuízos. Segundo ele “Você não vai pedir desconto para um motorista de mobilidade urbana porque é estudante ou mesmo a gratuidade para o idoso, assim é a empresa. Não sou contra essas leis, apenas sou contra não existir contrapartida do poder público para subsidiar essas passagens”.

Os universitários, além da empresa Garçastur, contam com o transporte oferecido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). São dois ônibus apelidados de “Piqui” e “Arroz”, pelas cores deles. Eles fazem o trajeto várias vezes por dia, entre Barra do Garças e também no campus da universidade em Pontal do Araguaia.

Não há cobrança para os universitários desse transporte, que conseguem o acesso para o campus, respeitando os horários do transporte e os dividem apenas com outros universitários, que possuem os mesmos direitos em relação a esse transporte. Então essa opção está disponível nos períodos matutino, vespertino e noturno. Todos os períodos que há aulas dentro do campus.

Já com a Garçastur, a empresa responsável pelo transporte coletivo em Barra do Garças, os estudantes universitários não possuem passe livre e sim o desconto dos 50%, conforme citamos alguns parágrafos acima. O que deixa o transporte coletivo uma opção muito mais onerosa para os bolsos dos acadêmicos, principalmente para quem estuda em dois períodos e teria que gastar no mínimo o valor de 2 passagens inteiras para conseguir frequentar as aulas.

A luta para conseguir o benefício existe em Barra do Garças. A acadêmica de jornalismo, Mylena Caitano, conta que não utiliza o transporte local há quase um ano, conta que buscou junto com outros órgãos o passe livre: “Não temos nem previsão, não há diálogo com a empresa. Já estive em lutas juntamente com a Adufmat (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso) e o Sintep (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso), para que tivéssemos esse benefício tanto para os estudantes das escolas de ensinos fundamentais, médios e faculdade, mas não é um diálogo próspero”.

Segundo ela “há inúmeras reclamações quanto a horários, ônibus mal cuidados, prestação de serviço ruim. Tem até um desconto de estudante, mas há um limite de viagens e mesmo assim sai caro. Os horários não batem com as grades da faculdade, você sempre chega atrasada ou adiantada demais nos compromissos”.

Em relação as críticas sobre o estado de conservação dos ônibus, o diretor executivo da empresa responsável, Paulo Augusto, afirma que “a frota é muito bem cuidada, estando acima em qualidade de inúmeras cidades do porte de Barra do Garças”. Já sobre as reclamações sobre as situações em que há má educação de motoristas, ele garante que quando há alguma denúncia ou reclamação sobre algum colaborador, há muito rigor por parte da empresa, para garantir que nenhuma experiência negativa se repita.

Possíveis soluções

Entre as pessoas que conversamos e utilizam o transporte público municipal, escutamos algumas soluções que podem melhorar a situação atual e amenizar a quantidade de críticas que passam os utilizadores dos serviços oferecidos atualmente. Vamos elencar algumas:

Renovação da frota: Investir em ônibus mais modernos e sustentáveis, com baixas emissões de poluentes, proporciona viagens mais confortáveis e ecológicas.

Tarifas acessíveis: Políticas de subsídio ou descontos para estudantes, idosos e pessoas de baixa renda tornam o transporte mais acessível.

Horários e rotas flexíveis: Adaptar horários e rotas de ônibus de acordo com a demanda, especialmente em áreas com poucos passageiros, pode otimizar o serviço.

Tecnologia e informação em tempo real: Aplicativos que fornecem informações em tempo real sobre horários e itinerários de ônibus ajudam os passageiros a planejar suas viagens de forma mais eficaz.

Participação da comunidade: Ouvir os passageiros e envolvê-los na tomada de decisões sobre o transporte público pode ajudar a atender melhor às necessidades da comunidade.

Educação e conscientização: Campanhas educativas podem promover o respeito entre passageiros e motoristas, tornando o transporte mais seguro e agradável.

Essas soluções exigem uma troca, uma aproximação entre os clientes, usuários do transporte coletivo em Barra do Garças e a direção da empresa, os tomadores de decisões pela responsável por esse transporte. Por isso, é fundamental um diálogo entre as partes para que exista uma verdadeira mudança, enquanto o Poder Público, também buscar alternativas para amenizar a atual situação.

A questão do transporte coletivo em Barra do Garças permanece como um desafio complexo, que exige uma solução que atenda às necessidades dos moradores e garanta um serviço de qualidade a um preço acessível. A população continua a aguardar melhorias nesse aspecto fundamental para a vida na cidade.

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