Reunião em prol da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste é realizada na Assembleia

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Buscar o apoio das casas legislativas estadual e federais, bem como de empresários e políticos mato-grossenses, com o foco de dar andamento aos projetos em prol da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), foi o objetivo de uma reunião ampliada realizada na tarde dessa terça-feira (16), no auditório Milton Figueiredo, na ALMT.

A reunião, com a presença de deputados estaduais, deputado federal Victório Galli, prefeitos e vereadores de municípios da região norte do estado, representantes de defesa da Fico expuseram, principalmente, a necessidade de organizar uma audiência pública em Lucas do Rio Verde, para debater o assunto na região interessada – com foco no escoamento de produção agrícola, por meio da ferrovia.

A reunião contou ainda com a participação de representantes da Associação Terra Indígena do Xingu, em nome de 16 etnias. Eles afirmam não serem contrários à implantação da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, mas destacam que tal obra precisa considerar as tradições das populações indígenas, bem como o impacto ambiental.

Os deputados estaduais que ocuparam a tribuna foram unânimes em defender a implantação da Fico, pela ótica do progresso e do desenvolvimento. Mauro Savi (PSB) garantiu que “agora, o progresso tem que acontecer”, Nininho (PSD) viu a ferrovia como “logística para desenvolver Mato Grosso”, Zé Domingos Fraga (PSD) vislumbrou necessário “engajamento político” e até sugeriu a criação de uma frente parlamentar, entre outras ações a serem desenvolvidas pelo Legislativo.

O deputado federal Victório Galli se comprometeu a defender a causa junto à bancada mato-grossense na Câmara dos Deputados e o senador Wellington Fagundes manifestou apoio e o mesmo contato junto aos senadores por Mato Grosso, nesse caso, por áudio enviado por telefone.

O prefeito de Lucas de Rio Verde, Luiz Binotti, falou em nome dos demais prefeitos presentes e narrou o projeto como um sonho que está saindo do papel depois de anos. “Existe um projeto e que bom que agora estamos retomando”.

O secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo de Cuiabá, que desempenha na capital a coordenação do Fórum Pró-Ferrovia, trouxe dados técnicos do andamento do projeto da Fico e acentuou que “o caminho certo [para a implantação] é buscar a vontade política” e que, mais que de uma ferrovia, “Mato Grosso precisa de uma malha ferroviária”.

A promotora de Justiça e Eleitoral de Paranatinga, Solange Linhares, trouxe o contraponto para a maioria dos presentes, assegurando que a Fico é “um empreendimento que vai cortar Mato Grosso e vai impactar na vida do xinguano”, fazendo referência à proximidade da ferrovia ao Parque Indígena do Xingu, e destacou que haverá danos ambientais. Solange avaliou, ainda, que esse é um “empreendimento que interessa [apenas] à comunidade majoritariamente branca”, sem “nenhum benefício” aos indígenas.

Os representantes da Associação Terra Indígena do Xingu que usaram da fala, Ayato Kuikuro e Kanato Yawalapiti, ressaltaram que a população indígena não é contrária à construção da ferrovia, desde que sejam respeitadas as tradições dos povos representados, bem como o meio ambiente.

“Não viemos aqui para impedir [o projeto], mas queremos que respeitem lugares sagrados”, declarou Ayato. O representante exemplificou que nenhum deles “abre uma estrada no meio da fazenda de vocês” e solicitou que a ferrovia passasse distante da reserva.

Kanato avaliou que o empreendimento atrairá novos brancos, que interferirão na cultura deles e, por esse motivo, ressaltou o pedido de que o trajeto da ferrovia seja distante da terra indígenas. “Somos guardiões do parque e sobrevivemos com recursos naturais. A gente não é contra o projeto, mas tem que ter um diálogo construtivo”.

A audiência pública que será realizada em Lucas do Rio Verde tem data prevista para a segunda quinzena de março.

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