Por Marianna Peres |O dólar e as demandas interna e externa aquecidas valorizaram a produção agropecuária, em especial a mato-grossense, a maior do País.
Da porteira para dentro, o Valor Bruto da Produção (VBP) deve contabilizar R$ 136,51 bilhões, o maior volume projetado neste ciclo entre as unidades da Federação.
Com faturamento dessa ordem, Mato Grosso registra o terceiro ano seguido na liderança nacional e impõe um novo recorde à própria série histórica.
Os dados, da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mostram que na comparação entre 2019 e 2020, o VBP estadual está 20,70% maior, passando de R$ 113,09 bilhões para R$ 136,51 bilhões.
Ou seja, Mato Grosso quebra o próprio recorde, graças ao excelente desempenho do milho e da soja, culturas que tiveram sua receita ampliada em 50,51% e 34,88%, respectivamente.
O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento.
É calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país.
O saldo estadual representa mais da metade da previsão de VBP para o Centro-Oeste, que, segundo o Mapa, deve consolidar R$ 246,29 milhões.
Conforme o ranking nacional lideram a receita agropecuária, os seguintes estados: Mato Grosso, com R$ 136,51 bilhões, respondendo por 17,7% do total nacional; Paraná, com R$ 98,55 bilhões e participação de 12,8%; São Paulo, com R$ 95,79 bilhões e participação de 12,4%; Minas Gerais, com R$ 82,75 bilhões e 10,7% de participação no total nacional; e Goiás, com outros R$ 61,88 bilhões, respondendo por 8%.
As maiores altas de 2020, no Estado de Mato Grosso estão no campo. A agricultura soma, sozinha, R$ 112,25 bilhões, dos mais de R$ 136 bilhões projetados para o Estado.
A pecuária acrescenta mais R$ 25,25 bilhões ao VBP, apontando alta de 8,25% em relação ao faturamento de R$ 22,40 bilhões.
No campo, o avanço foi ainda mais significativo: +23,77%, passando de R$ 90,69 bilhões para atuais R$ 136,51 bilhões.
Das quatro mais importantes culturas de Mato Grosso, duas tiveram alta e duas apontam recuo.
O milho deve somar receita de R$ 21,99 bilhões, 50,51% acima do contabilizado no ano passado, R$ 14,61 bilhões.
A soja, carro-chefe da produção agropecuária mato-grossense, deverá contabilizar R$ 56,49 bilhões, 34,88% acima do realizado no ano passado, R$ 41,88 bilhões.
O algodão, que vinha apontando novo recorde de faturamento, deverá consolidar R$ 29,83 bilhões ante R$ 29,95 bilhões do ano passado.
A cana deve passar de R$ 2,30 bilhões para R$ 2,06 bilhões.
Entre as atividades pecuárias, bovinos e suínos apresentam projeções de alta.
Na bovinocultura, o saldo anual deverá somar R$ 18,92 bilhões ante R$ 17 bilhões do ano passado.
Na suinocultura, o valor final deverá somar R$ 1,32 bilhão ante R$ 1,18 bilhão.
A produção de leite deverá manter receita estável, na cada dos R$ 642 milhões.
Na avicultura, há projeção de perdas, de R$ 2,83 bilhões para R$ 2,52 bilhões.
Na produção de ovos, há projeção de alta na receita, com o saldo saindo de R$ 740 milhões, em 2019, para R$ 868,33 milhões neste ano.
NO BRASIL – As estimativas do VBP de 2020, obtidas a partir das informações de agosto, são de R$ 771,4 bilhões, superior em 10,1%, ao valor de 2019 (R$ 700,3 bilhões).
O VBP deste ano é o maior já obtido na série histórica, que começou 1989.
As lavouras resultaram em R$ 519 bilhões, o equivalente a 67,3% do VBP, e a pecuária, em R$ 252,3 bilhões, ou 32,7% do VBP.
As lavouras aumentaram seu faturamento em 13,6% em relação ao ano passado, e a pecuária, 3,7%.
A soja representou 37,4% do valor das lavouras, com R$ 194,2 bilhões, o milho, com 15,8% equivalendo a R$ 81,9 bilhões.
“Alguns produtos estão obtendo resultados nunca obtidos anteriormente, como a soja, milho, carne bovina, carne suína e ovos”, salienta José Garcia Gasques, coordenador-geral de Avaliação de Política e Informação da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Gasques explica que dois fatores são responsáveis por esses resultados, os preços internos e as vendas externas.
“Os preços internos, bastante superiores aos do ano passado, e as exportações, de carnes e grãos principalmente para a China, impulsionam o desempenho favorável”, esclarece.
Os produtos com melhor desempenho são os seguintes: amendoim 23,7%, arroz 19,9%, cacau 16,6%, café 39,8%, feijão 13,8%, laranja 8,8%, mamona 33,4%, milho 15,2%, soja 26,1%, e trigo 67,4%.
Os produtos com redução do VBP podem ser observados no algodão -2,9%, banana -8,8%, batata-inglesa -23,7%, mandioca -3,7%, tomate -13,1% e uva -13,8%.
Esses produtos tiveram, em geral, produção menor neste ano e preços mais baixos.
Fonte: Diário de Cuiabá