Quatro municípios de Mato Grosso estão no ranking das cidades com mais mortes a cada 100 mil habitantes. O levantamento faz parte do Atlas da Violência 2018 – Políticas Públicas e Retratos dos Municípios Brasileiros, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta sexta-feira (16). Ao todo, 123 municípios do país estão na lista com a maior concentração de mortes.
Das cidades mato-grossenses, Várzea Grande tem a maior taxa de homicídio, 52,0 a cada 100 mil. Em seguida aparecem Rondonópolis (212 km ao Sul) com 50,7, Cuiabá com 40,8 e Sinop (500 km ao Norte) com 39,9 a cada 100 mil pessoas.
Os 123 municípios mapeados concentram 50% das mortes do país. Foram analisados 309 municípios, ou seja, todos aqueles que tinham mais de 100 mil habitantes em 2016. Os 3 mais pacíficos, segundo o Atlas da Violência 2018, são Brusque (SC), Atibaia (SP) e Jaraguá do Sul (SC). Os 3 mais violentos são Queimados (RJ), Eunápolis (BA) e Simões Filho (BA).
Para a pesquisadora do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Vera Bertolini, os números são alarmantes e a tendência é que com a falta de políticas públicas, aumentem ainda mais. “Nós temos uma população jovem cada vez mais entrando para o mundo do crime e também sendo morta. As maiores vítimas são os jovens empobrecidos, negros e excluídos”, diz.
A professora ressalta que são necessárias políticas para a educação de qualidade, políticas de inclusão e de geração de emprego. “No caso das cidades do interior muitas mortes estão ligadas aos conflitos agrários. Mas no caso de Várzea Grande e Cuiabá, estão diretamente ligadas ao tráfico de drogas. Precisamos de ações para mudar este quadro, senão o futuro será sinistro”.
Dados – Além da taxa de violência o Atlas traz outros indicadores. Em Várzea Grande a taxa de atendimento escolar entre 0 a 3 anos alcança 13,9 e de 15 a 17 anos chega a 82,3. No município 12,2% das crianças são pobres e 36,2% são vulneráveis à pobreza. A vulnerabilidade juvenil de pessoas entre 15 a 24 anos é de 8,0.
Os indicadores mostram Rondonópolis com 20,2 % da escolarização entre 0 a 3 anos e 85,2 de 15 a 17 anos. 9,6 % das crianças são pobres e 30,4 vulneráveis à pobreza. A vulnerabilidade juvenil é de 5,7. Em Sinop a escolarização entre 0 a 3 anos é de 16,9 e de 15 a 17 anos é de 82,5. 5,7% das crianças são pobres e 25 são vulneráveis à pobreza. A vulnerabilidade juvenil é de 4,5.
Na capital os indicadores apontam a vulnerabilidade juvenil em 5,7, 10,8% das crianças pobres e 30 vulneráveis à pobreza. A taxa de atendimento escolar entre 0 a 3 anos é 24. Já nos jovens entre 15 a 17 anos é 84,4. (Reportagem do GD)